10 de julho de 2014 - 11h21
Os primeiros dados do projeto de vigilância da saúde dos habitantes da freguesia de Casteleiro, no concelho do Sabugal, indicam que entre 80 a 90% dos idosos têm problemas de audição, visão e dentição, foi hoje revelado.
"Nestes dados preliminares surgiram-nos essencialmente três coisas em relação à qualidade de vida dos idosos, das pessoas com mais de 65 anos. Todos eles têm uma de três coisas: ou ouvem mal, ou veem mal ou têm deficiência de peças dentárias, não têm dentes", disse hoje à agência Lusa o coordenador do estudo, João Luís Baptista, professor na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã.
O projeto de aplicação do SVD - Sistema de Vigilância Demográfica ("coorte" de base populacional) junto dos cerca de 400 habitantes da aldeia de Casteleiro é promovido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Beira (CIDB), liderado por João Luís Baptista.
O estudo, iniciado em abril, também envolve a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, a Direção Geral de Saúde, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e o Centro de Investigação em Saúde Comunitária, entre outras entidades.
O projeto pioneiro realizado junto da população daquela freguesia do Sabugal vai permitir acompanhar a saúde dos habitantes e disponibilizar uma base de dados para trabalhos científicos.
Tendo em conta os resultados preliminares, o seu coordenador está a acertar com a Câmara Municipal do Sabugal e com a ULS da Guarda "um eventual programa de ajuda a estas pessoas mais idosas, no sentido de lhes dar melhor qualidade de vida".
"Nós temos uma percentagem muito elevada, entre os 80 a 90% das pessoas com mais de 65 anos, que têm pelo menos um destes problemas: audição, visão e dentição. Seria de todo conveniente que juntamente com a UBI, a administração local e depois a ULS, nós pudéssemos ajudar estas pessoas neste sentido de melhorarem a sua qualidade de vida, pelo menos numa destas coisas", admitiu.
João Luís Baptista disse que já teve uma primeira abordagem com o presidente da Câmara Municipal do Sabugal e com o diretor da ULS da Guarda e "ambos concordaram" com a sugestão.
A aplicação do SVD incluiu o levantamento demográfico, da pré-diabetes, da doença pulmonar obstrutiva crónica e de indicadores do ambiente, além do perfil de saúde dos habitantes da freguesia.
Na primeira fase dos trabalhos, foi realizado um inquérito, porta a porta, por alunos da Faculdade de Medicina da UBI, que incluiu a georreferenciação das casas e a anotação de informações sobre a saúde de quem lá habita.
João Luís Baptista disse à Lusa que os trabalhos no terreno estão terminados, faltando apenas a realização de um exame de espirometria, por cerca de 30 pessoas, no hospital da Guarda.
O responsável prevê que o "coorte" do Casteleiro fique finalizado em setembro e que o relatório final possa ser conhecido em outubro.

Também na Guarda
Este estudo vai também ser alargado à Guarda. João Luís Baptista, professor na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, e coordenador do CIDB disse hoje à agência Lusa que o projeto de aplicação do SVD - Sistema de Vigilância Demográfica ("coorte" de base populacional) junto de mil habitantes de uma rua da cidade da Guarda vai começar no início de setembro, com a realização de inquéritos porta a porta.

O responsável esclareceu que, na Guarda, "é como no Casteleiro, a unidade é a rua, são todas as pessoas que lá vivem, independentemente da idade ou de qualquer outra coisa".
"Na Guarda, vai ser precisamente o mesmo procedimento. Vamos porta a porta tirar o GPS [georreferenciação], fazer o mesmo inquérito, a mesma coisa. E, depois, as pessoas que estiverem em casa fazem o inquérito dentro da casa, daquilo que for definido", disse o responsável indicando que na cidade o estudo vai incidir na rua Pedro Álvares Cabral.
A artéria foi escolhida por refletir "mais ou menos a realidade da zona urbana da Guarda" por ser "central e muito longa", esclareceu.
A aplicação do SVD inclui o levantamento demográfico, da pré-diabetes, da doença pulmonar obstrutiva crónica e de indicadores do ambiente, além do perfil de saúde dos habitantes daquela zona da cidade da Guarda localizada no raio de ação da unidade de saúde familiar A Ribeirinha.
Os dados do estudo criarão uma plataforma informatizada que poderá ser utilizada tanto em estudos descritivos (prevalência, incidência, fatores de risco, modos de vida, etc.), analíticos ou de avaliação de intervenções na comunidade, por exemplo, ao nível da promoção da saúde, segundo os promotores.
João Luís Baptista disse que para o inquérito a realizar na Guarda foi pedida a colaboração dos alunos da Escola Superior de Saúde.
A Unidade Local de Saúde (ULS) local disponibilizou uma sala, no hospital, para ser utilizada pelos investigadores durante a fase de recolha da informação, indicou.
A UBI, a ULS/Guarda, o Centro Hospitalar da Cova da Beira, a Direção Geral de Saúde, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e o Centro de Investigação em Saúde Comunitária são algumas das entidades envolvidas na iniciativa.
O mesmo projeto também prevê a possibilidade de realização de um estudo idêntico em território espanhol, na área da Junta de Castilla e Léon.
Por Lusa