Dados do projeto “Nutrition Up 65”, que integram o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, mostram que 14,5% das pessoas com mais de 65 anos exibiam risco de desnutrição e que 1,3% estavam efetivamente desnutridas.

“São perto de 15% [os idosos] em risco de desnutrição, o que significa uma faixa grande desta população que não é alimentada como devia”, comenta Pedro Graça, diretor do Programa, em declarações à agência Lusa.

Menos de um terço dos idosos portugueses apresenta um nível adequado de vitamina D, que é importante nomeadamente para a qualidade dos osos.

Quanto ao cálcio e à vitamina D, Pedro Graça afirma não ser contra a toma de suplementos, mas avisa que a população mais idosa deve ser seguida nutricionalmente por um profissional de saúde, a quem cabe o aconselhamento sobre a suplementação alimentar.

“As pessoas a partir dos 65 anos devem ter um apoio médico e nutricional relativo à sua alimentação, com os especialistas a identificarem os seus hábitos alimentares e a corrigi-los. Com uma alimentação saudável, não serão necessários suplementos, mas, se forem, só um profissional de saúde deve dar essa indicação”, afirmou o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

Na população idosa, também os indicadores de consumo de sal são problemáticos, com 85% das pessoas a partir dos 65 anos a consumirem mais sal do que o que é aconselhado (até cinco gramas por dia).

A prevalência de idosos com pré-obesidade e obesidade é também maior do que na população geral e rondam os 70% os que apresentam excesso de peso.

Pedro Graça sublinha que a população idosa “é uma população de risco que precisa de ser observada e cuidada”, indicando que foi a primeira vez que se detalharam alguns indicadores relativamente aos hábitos alimentares dos mais velhos, uma faixa que tem sido menos analisada.

“Há a necessidade de dar atenção muito particular às populações idosas, não só as institucionalizadas, mas também as que vivem nas suas próprias casas”, disse.

Alguns hábitos alimentares que se tinham ao longo da vida podem perder-se ou deteriorar-se, acrescentando a que a vontade de cozinhar só para si se vai perdendo, tal como se deteriora a capacidade de mastigar com o evoluir da idade.

Os idosos tendem ainda a começar a apreciar comidas mais doces e a preferir alimentos nutricionalmente menos ricos. É necessário então encaminhá-los para alimentos mais densos a nível nutricional e com menos energia.

Pedro Graça indica também que se trata de dados recolhidos “depois de três ou quatros anos de grande crise económica e social”, durante os quais muitos dos idosos foram inclusivamente um apoio fundamental para filhos e netos.