9 de maio de 2014 - 09h33
A qualidade do ar nas grandes cidades continua a deteriorar-se, o que representa um sério risco para a saúde das pessoas, alertou esta semana um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudo que incidiu sobre 1.600 cidades de 91 países constata que apenas 12% da população total destes complexos urbanos respiram ar conforme as normas da OMS. 
"No geral, infelizmente, a situação da poluição do ar tem piorado", observa Maria Neira, diretora de Saúde Pública da OMS em Genebra.
As cidades mais afetadas por esta degradação estão em países em desenvolvimento, enquanto que as cidades de países ricos registaram, pelo contrário, melhorias na qualidade do ar.
"Muitos centros urbanos estão atualmente tão envolvidos num ar sujo que a silhueta dos seus edifícios é invisível", lamentou Flavia Bustreo, diretora-geral adjunta da OMS.
No relatório anterior, publicado em março, a OMS considerou que a poluição de partículas finas deve-se principalmente à queima de carvão e aos motores a diesel dos veículos, que contribuiu para a morte de 3,7 milhões de pessoas em todo o mundo em 2012.
Esta poluição está associada a mortes por problemas cardíacos, doenças respiratórias e cancro do pulmão. O estudo lembra que metade da população urbana mundial respira um ar em que os níveis de contaminação por partículas são pelo menos 2,5 vezes superiores ao considerado seguro.

Bogotá e Copenhaga exemplares
As partículas em suspensão (PM) menores que 10 mícrons - 10 milionésimos do metro - podem passar penetras nas vias aéreas e provocar problemas respiratórios, enquanto as menores, de 2,5 mícrons, podem inclusivamente entrar na corrente sanguínea.
O nível recomendado de partículas finas de 10 mícrons (PM10) é de 20 microgramas por metro cúbico, mas em Rawalpindi, no Paquistão, esta quantidade é 20 vezes superior e em Nova Deli, na Índia, é 28 vezes superior.

As partículas menores, PM2,5 (2,5 mícrons) são encontradas em concentrações dez vezes maiores do que o considerado suportável (10 microgramas por metro cúbico) na cidade paquistanesa e 15 vezes na capital indiana.
Maria Neira destacou, no entanto, que a base de dados, elaborada principalmente com informações compiladas pelas próprias cidades, não pretende fazer uma classificação das cidades mais contaminadas do mundo. E recordou: "Algumas das piores (...) não compilam dados regularmente".
Contudo, a OMS elogiou o efeito positivo que podem ter as políticas locais na qualidade do ar e deu o exemplo de Bogotá, na Colômbia, e Copenhaga, na Dinamarca, onde a qualidade do ar melhorou, depois dos governos promoverem o uso de transportes públicos e bicicletas.
"Não podemos comprar garrafas de ar limpo, mas as cidades podem adotar medidas para melhorar a qualidade do ar e salvar a vida dos moradores", ressaltou Carlos Dora, do Departamento de Saúde Pública da OMS.
Por SAPO Saúde com AFP


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