O psiquiatra defendeu mais apoios e contributos para que "haja uma maior disseminação pelo país" de programas de prevenção de comportamentos aditivos junto das crianças, adolescentes e jovens adultos.

"A prevenção é de uma importância muito grande, visto que o conhecimento não é assim tão grande que permita tratamentos definitivos", disse à agência Lusa João Curto.

Face à não-existência de cura para adições, a grande aposta deve ser a prevenção, defendeu o presidente da Associação Portuguesa para o Estudo das Drogas e das Dependências (APEDD), que realiza hoje e sexta-feira o Congresso Nacional de Adictologia, no Hotel D. Inês, em Coimbra, subordinado ao tema "O Tempo e as Adições - Ligando a Ciência, a Clínica e a Política".

Para além dessa área, o país deveria também investir mais na reabilitação de pessoas com problemas de dependência, "evitando riscos e maiores danos", naquela que foi uma área de grande aposta em Portugal, mas que necessita, de momento, de um reforço.

Menor resposta para o problema

Durante os últimos quatro a cinco anos assistiu-se a "um desmembramento dos serviços públicos", havendo hoje menos recursos humanos, nomeadamente médicos e enfermeiros, diminuindo também "a possibilidade de resposta adequada aos problemas".

"As instituições de solidariedade social mantiveram a sua atividade e têm feito um bom trabalho, mas a capacidade de intervenção diminuiu", notou.

O presidente da APEDD alertou ainda para o fim do Instituto da Droga e Toxicodependência e da criação do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que surge apenas como "entidade reguladora" e de orientação técnica.

Hoje, os serviços locais ficaram a cargo das administrações regionais de saúde, o que criou "alguma dificuldade de articulação e interligação", constatou.

"Como a experiência anterior foi muito positiva, deveria voltar e tentar refazer-se, adaptada às circunstâncias atuais, de modo a que haja uma coordenação nacional", para que em diferentes regiões do país haja "os mesmos meios e serviços" disponíveis, frisou.

O congresso em Coimbra vai abordar questões como novas linhas de investigação, intervenção junto dos utentes e aproximação à comunidade, bem como "aspetos da decisão política".