O psiquiatra dos Hospitais de Coimbra António Pires Preto defendeu, em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, que “pelo menos um quarto” do dinheiro poupado nos últimos 10 anos, sobretudo em despesas com pessoal, “poderia ser reinvestido” no reforço da qualidade, designadamente do trabalho das equipas de saúde mental comunitárias.

Após ter participado no seminário “Hiperatividade e défice de atenção: dos mitos ao conhecimento científico”, o médico psiquiatra estimou que as fusões de serviços deste domínio no distrito, na última década, permitiram reduzir a despesa anual de 24 milhões para 12 milhões de euros.

Na década passada, três hospitais de saúde mental da zona de Coimbra (Arnes, Lorvão e Sobral de Cid) deram origem ao Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra (CHPC), que teve o médico Fernando Almeida como presidente, e que depois foi integrado no CHUC. Essas alterações ditaram uma redução de pessoal, que desceu de cerca de 700 trabalhadores (médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde) para 350, disse Pires Preto.

Leia também: 15 coisas que tem de saber para não enlouquecer

Saiba maisSuicídio: É possível inverter a marcha

Veja ainda: As frases mais ridículas ouvidas pelos médicos

“Se um quarto do que se poupou fosse reinvestido, seria muito bom”, sublinhou à Lusa, retomando afirmações que tinha proferido pouco antes na sua intervenção nos trabalhos, no auditório da Casa da Cultura César de Oliveira.

O mesmo responsável realçou os avanços registados no trabalho das equipas de saúde mental comunitárias, prevendo que esta aposta “vai trazer benefícios a jusante”, incluindo no plano financeiro, com a despesa em transportes e outras a baixar ao nível do internamento, das urgências e das consultas externas.

Pires Preto admitiu, por outro lado, que “as grandes áreas urbanas” do país, como Porto ou Lisboa, “têm mais problemas” de saúde mental, tendo em conta, entre outros dados, o facto de a crise económica e o desemprego terem nelas maior impacto do que nas pequenas localidades do interior.

O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, lamentou, com ironia, que a construção do IC6 tenha parado no concelho, “no meio de um pinhal”, o que acaba por dificultar o acesso à região da equipa de saúde mental comunitária do Pinhal Interior Norte, liderada pela psiquiatra Célia Franco.

O diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro de Carvalho, foi outro dos oradores do seminário “Hiperatividade e défice de atenção: dos mitos ao conhecimento científico”, realizado para assinalar o primeiro ano de atividade daquela equipa de saúde mental comunitária.