No âmbito de um projeto que começou há dois anos, envolvendo até agora 80 reclusos das penitenciárias de Coimbra e Setúbal, aquela associação tem realizado ações de formação para ensinar técnicas autoaplicáveis que diminuam o stress e a ansiedade.

"Os estudos científicos dizem-nos que as pessoas quando estão reclusas perdem algumas das suas capacidades, sejam cognitivas ou outras, e os níveis de ansiedade normalmente sobem, porque existe nas cadeias quase que uma microssociedade, com leis muito próprias, onde há muito medo e receio", disse à agência Lusa Vítor Nuno Anjos, presidente da APCP.

Além da aplicação dos conceitos, a associação tem também ensinado aos reclusos um conjunto de técnicas autoaplicáveis, "que eles depois de aprenderem podem exercitar nas suas celas e no dia-a-dia para os libertar do stress e os tornar um pouco mais calmos".

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Segundo Vítor Nuno Anjos, "normalmente ao fim de mês e meio verifica-se que, realmente, as pessoas conseguem ter um comportamento mais assertivo, um pouco mais calmo e com menos impulsividade".

Paralelamente a este estudo, a associação está a desenvolver uma aplicação de algumas escalas de investigação científica, cujos resultados ainda não estão definidos, mas que incide sobre a perceção de qualidade de vida dos reclusos dentro da cadeia.

"Começámos por fazer os inquéritos na cadeia de Setúbal e estamos agora em negociação para alargar a outros estabelecimentos prisionais do país", adiantou o dirigente, salientando que se trata de um estudo pioneiro em Portugal.

Os resultados preliminares devem ser conhecidos em "junho ou julho" e serão depois apresentados ao público em novembro, no terceiro Congresso Nacional Conversas de Psicologia, que vai decorrer em Coimbra.

"O que nós estamos a tentar perceber é como está a situação atual e isto requer depois um contra-estudo, mais tarde, para perceber o que aconteceu, continuar o projeto e ver se há uma perceção dos reclusos na melhoria da sua qualidade de vida", explicou Vítor Nuno Anjos.

O psicólogo, que destacou a abertura dos estabelecimentos prisionais, disse ainda que o estudo envolve quatro investigadores e é suportado financeiramente pela APCP.