"Os problemas de saúde mental das pessoas resolvem-se com pessoas", começa por comentar a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) em comunicado.

A OPP diz-se "surpreendida pela notícia e comentários" do psiquiatra e presidente da associação EUTIMIA, Ricardo Gusmão, que informou na terça-feira que "a partir de setembro, os utentes do Serviço Nacional de Saúde com depressão ligeira a moderada vão poder contar com uma plataforma digital de autoajuda". A plataforma será prescrita pelo médico de família com o intuito de combater a doença e prevenir o suicídio.

"O aparecimento de notícias como esta servem, infelizmente, para criar expectativas exageradas na população e justificam as políticas de fraco investimento na saúde mental dos cidadãos", diz a OPP na referida nota.

"A utilização de novas tecnologias como adjuvantes nas intervenções é um campo promissor e poderá, no futuro, ter um papel mais relevante no alcance dos resultados desejáveis para as intervenções", salienta a direção desta ordem profissional.

A OPP critica a tecnologia como terapêutica substitutiva da intervenção desenvolvida por profissionais que são formados ao longo de vários anos para o efeito. "Afirmar que a aplicação faz psicoterapia é não só um abuso de linguagem, como uma extrapolação da eficácia para aquilo que pode ser um instrumento útil mas limitado", alerta a OPP.

"As questões da saúde mental são complexas e diversas, exigem recursos e profissionais formados para responder a essa complexidade e não se comprazem com visões simplistas", defende a direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses.