8 de julho de 2014 - 14h50
O PS disse compreender o protesto dos médicos, que iniciaram nesta terça-feira uma greve de dois dias, e declarou que quem tem feito greve no setor tem sido o Governo, que tem feito cortes e potenciado um "atraso civilizacional". 
Uma posição oposta à do PSD, com o deputado Miguel Santos a falar num protesto “fortemente politizado” pela Federação Nacional dos Médicos e pelo bastonário, que acusou de prosseguirem agendas políticas alheias aos interesses dos doentes.
“O PS compreende a indignação dos profissionais de saúde e quer dar uma palavra àqueles que hoje não fazem greve, como sejam os administrativos, os auxiliares, os enfermeiros, todos os profissionais de saúde que se não fosse o seu esforço diário e a sua abnegação ao serviço público, o serviço público de saúde estaria em muito pior situação", declarou Álvaro Beleza, do Secretariado Nacional socialista, numa intervenção na sede do partido, em Lisboa.
O dirigente do PS, médico de profissão, advertiu que os cortes "que Governo fez em três anos" no setor da saúde "são o dobro do exigido pela troika", e não houve qualquer tipo de "reformas e modernização do sistema de saúde" neste período. 
"Aliás, parece que quem tem estado em greve tem sido o Governo, porque é um Governo de reação e não de ação", advogou Álvaro Beleza. "Este caminho é insuportável, é um atraso civilizacional e os portugueses têm de dizer basta", reforçou, dizendo ainda que a nível partidário "todo o PS defende o SNS fundado por [António] Arnaut e tem orgulho nele".
Por seu lado, o deputado do PSD Miguel Santos considerou que a greve, independentemente da adesão que venha a ter, "é extemporânea e poderia ter sido perfeitamente evitada", sublinhando que acontece num momento "em que existe um diálogo com o Ministério da Saúde".
"Na nossa perspetiva a greve está fortemente politizada por parte da Federação Nacional dos Médicos, afeta à CGTP, e por parte do bastonário dos Médicos, que estão a prosseguir uma agenda política própria que não é em defesa e não é a bem dos doentes e dos portugueses", defendeu o deputado, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.
A Federação Nacional dos Médicos convocou para esta terça-feira e quarta-feira uma greve em protesto contra algumas medidas do Governo que dizem ameaçar o Serviço Nacional de Saúde. 
A publicação do código de conduta ética, a que os médicos chamam "lei da rolha", a reforma hospitalar, o encerramento e desmantelamento de serviços, a falta de profissionais e de materiais e a atribuição de competências aos médicos, para as quais não estão habilitados, são os principais motivos na base da convocação desta greve. 
Ao contrário da greve de 2012, esta não terá a participação do Sindicato Independente dos Médicos. 
Segundo a Ordem dos Médicos, os cortes no orçamento da saúde em 2014 são de mais de 300 milhões de euros, que se somam aos aplicados nos muitos anos de austeridade.
Por SAPO Saúde com Lusa