Mário Ornelas, oftalmologista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, refere que “com o chegar do bom tempo e durante toda a primavera e verão torna-se mais apelativa a prática de desporto e de atividade ao ar livre, pelo que a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia recomenda que todos os desportistas vigiem de forma regular a saúde dos seus olhos e que em caso de lesão ocular devem ser observados por especialista em Oftalmologia assim que possível”.

Salienta ainda que “existe no mercado uma grande variedade de proteções oculares adequada a cada tipo de desporto, quer seja para atletas federados ou simplesmente amadores, mas devem estar certificadas para a modalidade a que se destinam”.

Segundo um estudo relatado na obra “Visão e Desporto” de João A. Capão Filipe, as lesões oculares que ocorrem durante a prática desportiva podem ser prevenidas.

Tem sido demonstrado que o uso dos protetores oculares atualmente disponíveis reduz o risco de lesão ocular em, pelo menos, 90%. O principal obstáculo a um maior e mais difundido uso de protetores oculares é o desconhecimento e uma certa confusão por parte de todos os elementos ligados ao desporto – presidentes, atletas, diretores, treinadores, jogadores e corpo médicos – em saber quais os protetores que são mais eficazes.

Os olhos guiam o corpo e a sua importância é fundamental para qualquer tipo de atleta, seja profissional ou amador. No desporto, a visão desempenha um papel ainda mais importante. Uma visão reduzida não significa simplesmente não conseguir acertar numa bola ou marcar um golo, também aumenta o risco de ocorrência de lesões.

Em Portugal, por exemplo, o futebol de onze e de cinco e o traumatismo pela bola são responsáveis pela maioria das lesões oculares. Estas ocorrem geralmente em jovens amadores não federados (50 por cento) que foram atingidos pela bola enquanto jogavam futebol como passatempo de fim-de-semana. Além do futebol, o ténis e o golfe são modalidades que podem ser particularmente perigosas pela velocidade e força com que as bolas são projetadas.

A análise de lesões oculares permitiu concluir que um doente que recorra a um serviço de urgência de oftalmologia com uma lesão ocular provocada durante a prática de uma atividade desportiva, tem 75 por cento de probabilidade de apresentar uma lesão grave e mesmo que não haja hemorragia e a visão se mantenha normal, a possibilidade de ter uma lesão grave é elevada, pelo que com ou sem sintomas de alarme, qualquer traumatismo ocular que ocorra durante a prática de um desporto deve ser observada de imediato por um oftalmologista.

Mas não são só as lesões que influenciam a qualidade da visão dos desportistas. Existem fatores físicos que podem intervir negativamente na performance visual durante a prática desportiva, como a fadiga, que pode diminuir a acuidade visual e o campo visual. A aceleração, as vibrações mecânicas e sonoras e a diminuição do aporte de oxigénio são também fatores a ter em conta, salienta a SPO.