O diretor do Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar de S. João, Davide Carvalho, explicou que este projeto, denominado “Caminhe sempre com os dois pés”, pretende implementar critérios para “uma referenciação direta para a consulta do pé diabético no hospital, com triagem eficaz, proveniente do centro de saúde, com tempos máximos de resposta”.

“Para isso, será necessário apostar na formação prática dos profissionais dos centros de saúde primários, otimizar os recursos existentes e dotar as unidades do ACES de equipamentos necessários à realização da primeira consulta”, acrescentou.

Para a diretora executiva do agrupamento de centros de saúde (ACES) Porto Oriental, Dulce Pinto, este projeto irá “não só melhorar a referenciação direta dos doentes com pé diabético para a consulta do hospital, obtendo uma resposta em tempo útil às situações com maior gravidade e urgência de resposta, como otimizar o seguimento do doente não grave no centro de saúde”.

“No fundo, o desafio é melhorar a gestão de cuidados do doente diabético”, sublinhou.

Aumentar referenciação

A longo prazo, a implementação deste projeto tem como metas aumentar a percentagem de doentes referenciados à consulta do pé diabético, bem como incrementar o registo do risco de ulceração do pé e de diabéticos com úlceras ativas do pé.

Melhorar a proporção de utentes diabéticos com observação do pé e diminuir custos inerentes aos internamentos relacionados com o pé diabético, além de baixar a incidência de amputações major dos membros inferiores, são outros objetivos de longo prazo.

O projeto “Caminhe sempre com os dois pés” integra-se no programa “Boas Práticas de Governação”, uma iniciativa da farmacêutica Novartis, em parceria com a Universidade Nova de Lisboa. O programa possibilita aos ACES e aos hospitais desenvolver a formação dos seus profissionais ao nível das competências de gestão e implementar projetos considerados relevantes para a comunidade de utentes beneficiando de apoio técnico especializado.

Este ano, o programa tem como tema “Caminhos para a Articulação” e pretende criar as condições para a implementação de projetos de inovação, promovendo o desenvolvimento de boas práticas que fomentem uma maior articulação entre os cuidados de saúde primários e hospitalares, que possam trazer melhorias efetivas para o doente.