“Começaremos de forma progressiva a partir do início do ano, em Setúbal, depois progressivamente Lisboa, até atingir todo o país”, explicou Paulo Macedo à Agência Lusa.

Também em declarações à Lusa o presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Paulo Duarte, precisou que ainda em janeiro o programa de troca de seringas será estendido ao distrito de Lisboa.

“Acreditamos que em três ou quatro meses poderemos ter todos os distritos envolvidos”, disse o responsável.

A retoma do programa de troca de seringas nas farmácias já tinha sido anunciada mas até agora não fora concretizada. Desde 2012 que estava suspenso, quando cessou o contrato entre a ANF e o Ministério da Saúde.

Desde então a troca de seringas, como lembrou hoje Paulo Macedo, era feita apenas nos centros de saúde e em instituições de solidariedade social, tendo só este ano sido trocadas “mais de um milhão de seringas”, disse.

“Mas sem dúvida que, quer com a malha geográfica que as farmácias cobrem, quer com a colaboração ativa das farmácias, podemos fazer melhor do que temos vindo a fazer”, sublinhou o ministro.

Paulo Macedo explicou ainda que o protocolo com a ANF estabelece que se faça uma avaliação ao final de um ano, para aferir custos e ganhos, ganhos que o governante espera “obviamente” ter.

Depois dessa avaliação as farmácias deverão ser remuneradas pelo serviço, que no primeiro ano é prestado gratuitamente.

Paulo Macedo desvalorizou o facto de o acordo com a ANF só agora se ter concretizado (depois de várias vezes anunciado), explicando à Lusa que o Ministério e a ANF estão a debater outros acordos, sobre temas como a adesão terapêutica, a diabetes ou o aumento dos genéricos. “Quisemos dar algum tempo, avançar nos diversos programas em paralelo”, disse.

Paulo Duarte explicou que este tipo de acordos não é simples e que há “questões técnicas e operacionais que demoram mais tempo”.

Certo é que a partir de janeiro farmácias do distrito de Setúbal reiniciam o programa, nos mesmos moldes que existia em 2012.

O programa “Diz não a uma seringa em segunda mão” começou em 1993, tendo como mentora Odette Ferreira, então presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida.

Devendo durar três meses, o sucesso foi tal que só terminou em 2012. Nesse período foram recolhidos 50 milhões de seringas, dos quais 33 milhões nas farmácias.

Destinado a utilizadores de drogas injetáveis, segundo uma avaliação da empresa Exigo Consultores evitou sete infeções de VIH/Sida por cada 10 toxicodependentes.

Nos primeiros oito anos o Estado poupou entre 400 milhões e 2.000 milhões de euros em tratamentos e outros custos com os doentes evitados, segundo o estudo.

O ministro e o presidente da ANF falavam à Agência Lusa no final da festa de Natal que a comunidade Vida e Paz proporcionou aos sem-abrigo de Lisboa.