"Estamos a inundar o mundo com produtos considerados inseguros e vamos pagar caro em termos de saúde reprodutiva", declarou Gian Carlo Di Renzo, autor do alerta lançado pela Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras, organização com sede em Londres que reúne especialistas de 125 países.

O alerta, publicado na revista International Journal of Gynecology and Obstetrics, culpa produtos químicos - pesticidas, poluentes do ar, plásticos e solventes - por condições como abortos espontâneos, transtornos do crescimento fetal, peso reduzido no nascimento, malformações congénitas, problemas nas funções cognitivas ou do desenvolvimento, cancro do aparelho reprodutor, baixa qualidade do sémen e hiperatividade nas crianças.

Os autores do relatório chamam a atenção sobretudo para os perturbadores endócrinos, ao destacar que um dos efeitos da exposição a estas substâncias é "desregular as hormonas encarregadas das funções reprodutivas".

Os perturbadores endócrinos estão presentes em inúmeros produtos como embalagens, pesticidas, cosméticos, revestimentos químicos e produtos de limpeza.

"A exposição a produtos químicos tóxicos é permanente durante a gravidez e a lactação e ameaça a reprodução da espécie humana", afirma a federação em comunicado, preconizando "políticas de proteção aos pacientes e às populações".