Em comunicado e na véspera de mais um Dia Mundial Meteorológico, aquela organização da ONU adianta que este ano não deve bater o recorde de 2016, considerado um dos mais quentes, salientando ainda que ao contrário de anos passados, a mudança climática vai ser responsável pelo aumento das temperaturas e não o fenómeno climático El Niño.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o El Niño e a La Niña estão ligados a condições extremas do clima como cheias e secas em várias partes do mundo. Os especialistas da organização consideram que os efeitos climáticos não devem ocorrer este ano, depois de afetarem as temperaturas por dois anos consecutivos (2015 e 2016).

A porta-voz da agência, Clare Nullis, explicou que “a região do Ártico sofreu por três anos com ondas de calor intenso e não conseguiu voltar a congelar”. A organização alertou no ano passado que 2016 iria ser o ano mais quente desde que há registos, no final do séc. XIXX.

Fenómenos naturais

O fenómeno climático El Niño fez subir as temperaturas nos primeiros meses do ano de 2016, mas mesmo depois de os seus efeitos se dissiparem, por altura da primavera, as temperaturas mantiveram-se elevadas, segundo a OMM. Em partes da Rússia ártica, as temperaturas foram 6ºC a 7ºC mais altas que a média, segundo o texto da OMM. Outras regiões árticas e subárticas da Rússia, Alasca e noroeste do Canadá foram pelo menos 3ºC acima da média.

A única grande região continental onde a temperatura foi inferior ao normal em 2016 foi a zona subtropical da América do Sul – norte e centro da Argentina e parte do Paraguai e da Bolívia. A concentração dos principais gases com efeito de estufa na atmosfera atingiu em 2015 e 2016 níveis sem precedentes, atingindo 400 partes por milhão em 2015.

O aumento da ocorrência e impacto de desastres provocados pelas alterações no clima provocam episódios graves de escassez alimentar, migrações em massa e conflitos, advertiu. A OMM vai lançar na quinta-feira o Atlas Internacional das Nuvens para assinalar o Dia Mundial de Meteorológico, cujo tema este ano é: ‘Compreendendo as nuvens”.

Em Portugal, a efeméride vai ser assinalada na quinta-feira em Lisboa durante o X Simpósio de Meteorologia e Geofísica, que contará com a presença do presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miguel Miranda. Segundo uma nota do IPMA, o evento vai decorrer em torno da importância das nuvens no tempo, no clima e no ciclo hidrológico.

O IPMA salienta ainda que a efeméride irá ser marcada pelo “lançamento de uma nova edição em formato digital do Atlas Internacional das Nuvens, que sofreu uma profunda e detalhada revisão". "O novo Atlas da OMM é um documento com centenas de imagens de nuvens, onde são incluídos novos tipos de nuvens classificadas recentemente”, é ainda referido.