O Relatório da Primavera 2015, elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), vai ser hoje apresentado em Lisboa e apurou uma maior dificuldade no acesso ao medicamento, no primeiro ano sem intervenção da 'troika'.

O OPSS justifica esta dificuldade com a diminuição do poder de compra dos cidadãos, “mas também porque os outros intervenientes no circuito do medicamento enfrentaram dificuldades que resultaram numa menor acessibilidade aos medicamentos (indústria, distribuidores, farmácias), com repercussões na saúde da população”.

No acesso à inovação terapêutica, o OPSS refere que Portugal ocupa os últimos lugares, seja ao nível dos ensaios clínicos, como através de medicamentos de primeira linha, comparticipados.

“Ao mesmo tempo, os encargos do SNS com medicamentos em Portugal continua a diminuir como resultado das sucessivas medidas acionadas, de que são exemplo as reduções de preços, a redução da comparticipação estatal e o crescimento do mercado de genéricos”, lê-se no documento.

O Observatório recomenda “a inversão o ciclo negativo, reunindo todos os ‘stakeholders’ [interessados] do sector farmacêutico, com o objetivo de encontrar soluções que, sem colocarem em causa a sustentabilidade do sistema de saúde, aumentem o acesso ao medicamento em geral, e aos medicamentos realmente inovadores, em particular”.

Esta organização preconiza ainda “uma atenção especial à viabilidade económica das farmácias, com a definição e implementação dos serviços estabelecidos no âmbito dos programas de saúde pública, no acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias (ANF), em julho de 2014”.