Dorme-se cada vez menos em Portugal e todos os dias surgem novos casos de insónia, hipersonolência ou apneia do sono, que chegam ao Centro de Medicina do Sono dos Hospitais de Coimbra, o único do país.

A lista de espera já soma 800 doentes e o prazo médio para ter uma consulta é de cinco meses, escreve a TSF esta manhã.

"A sociedade atual e a cultura anglo-saxónica realça o trabalho e o lazer, o estar permanentemente ativo e desvaloriza o sono", salienta Joaquim Moita, responsável pela unidade.

Deitar tarde e erguer cedo

A sociedade ocidental adormeceu para as consequências de um ritmo de vida desperto demais e em Portugal o problema é ainda mais grave. Os portugueses deitam-se ao mesmo tempo que os vizinhos espanhóis e levantam-se à mesma hora que os nórdicos.

A privação de sono resulta em hipersonolência e as consequências são inevitáveis, tais como "a diminuição da capacidade de trabalho, grande labilidade emocional e o problema dos acidentes". Por outro lado, a falta de sono está também relacionada com o aumento de doenças do foro psíquico, assim como problemas de ordem hormonal, como já revelaram diversos estudos.

Um adulto precisa, em média, de 7 a 8 horas de sono e uma criança entre 10 e 12.

Joaquim Moita alerta ainda para o problema dos trabalhos escolares serem um inimigo do sono. "As crianças chegam a casa muito tarde, ainda têm trabalhos de casa para fazer e deitam-se muito tarde", comentou, cita ainda a referida rádio.

Cerca de 10% das crianças portuguesas tem insónia, números que vão aumentando à medida que o tempo passa.

Cerca de 35% dos idosos dorme mal.

Os números são da Ordem dos Médicos, que só em setembro de 2013 reconheceu o Sono como uma sub-especialidade da medicina.

Os portugueses passam, a partir desta sexta-feira, a contar com uma linha de apoio telefónico especializada, que pretende responder às necessidades sentidas pelas pessoas depois de uma noite mal dormida e dar alguns conselhos para dormir melhor.