Financiado pelo Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), o projeto, com a duração de quatro anos, está a ser desenvolvido pelo Instituto de Sistemas e Robótica, do Instituto Superior Técnico (IST), e envolve universidades e empresas nacionais.

“Estamos a entrar no segundo ano do projeto e temos já alguns complementos que têm sido demonstrados. A ideia é no fim dos quatro anos termos o robô, um treinador pessoal, que terá um programa de exercícios que deverá ser controlado por clínicos ou terapeutas que estejam a acompanhar a pessoa”, disse à agência Lusa o investigador Alexandre Bernardino, do IST.

Alexandre Bernardino explicou que a ideia base é ter tecnologia de informação em robótica para fazer a promoção de programas de exercício para grupos com necessidades especiais, particularmente idosos, mas também para pacientes com algum tipo de necessidade de reabilitação.

Nesse sentido, o robô deverá tornar-se um assistente pessoal, ensinando exercícios físicos e promovendo atividades de fisioterapia: “Vai aplicar técnicas de motivação, de chamada para o jogo, de controlo dos tempos do jogo e das dificuldades do jogo", ao mesmo tempo que monitoriza as respostas fisiológicas.

“Temos sensores que medem o ritmo cardíaco, a frequência respiratória e outras medidas”, exemplificou Alexandre Bernardino, que vai participar na quarta-feira na conferência “Envelhecimento no século XXI”, na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa.

Os investigadores estão a desenvolver um sistema com técnicas de interação inovadoras, com projeção de conteúdos de jogos, de brincadeiras, de exercício, através de um projetor, que pode estar em casa da pessoa, na clínica ou num lar de idosos, explicou.

O objetivo final é que o robot possa ir atrás da pessoa, a alerte para fazer exercício e escolha onde projetar os conteúdos dos jogos e que tenha “um aspeto simpático para aumentar a atratividade do jogo para as pessoas”.

Ana Bettencourt, professora na Faculdade de Farmácia de Lisboa, que também vai estar presente na conferência “Envelhecimento no século XXI”, salientou a importância das tecnologias de saúde para melhorar a qualidade de vida dos idosos.

“As tecnologias de saúde vão desde o simples ‘pacemaker’ até tecnologias que estão em desenvolvimento, como o olho artificial”, e um ‘pacemaker’ para “o cérebro, para estimular a memória, uma das funções que se perde com a idade”, disse à agência Lusa Ana Bettencourt, que vai desenvolver na conferência o tema “Tecnologias de saúde e envelhecimento: Inovação e desafios”.

Lembrou exemplos de como as tecnologias têm beneficiado a vida das pessoas, como a pele artificial para uma melhor cicatrização das feridas e a artroplastia da anca, que permite uma maior mobilidade às pessoas quando são operadas.

“Hoje já há poucos idosos de bengala, o que se deve às muitas artroplastias da anca que se têm feito”, observou Ana Bettencourt, sublinhando que existe “um grande esforço e há muitas ideias para que envelhecer não seja sinal de estar à espera da morte, de fraca qualidade de vida”.

“Hoje em dia já não é só tratar a doença, mas fazer com que o idoso seja uma pessoa ativa e que tenha melhor qualidade de vida”, rematou.