A vacina experimental, já testada com sucesso em ratos para determinadas estirpes do vírus, foi produzida por uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET).

O investigador do iBET António Roldão, um dos coordenadores no instituto do projeto europeu EDUFLUVAC, explicou à Lusa que a ideia é obter "uma vacina de ampla proteção contra o vírus da gripe", e, portanto, com "uma duração superior", de pelo menos cinco anos, que possa "ser útil para prevenir o impacto de uma pandemia", como a das gripes aviária (H5N1) e suína (H1N1).

As vacinas contra a gripe sazonal têm uma duração anual porque necessitam de ser atualizadas em função da estirpe do vírus em circulação. Segundo o iBET, produzir uma vacina que seja capaz de proteger contra diferentes estirpes do vírus da gripe "tornou-se uma prioridade mundial".

No projeto europeu, totalmente financiado por fundos comunitários, participam também instituições ou empresas da Alemanha, Itália, Holanda, Suíça e do Reino Unido, que, entre outras funções, estão envolvidas na caracterização da vacina experimental e nos ensaios em ratos, furões e macacos.

A vacina contém proteínas derivadas do vírus, e não o vírus propriamente dito, como sucede com as vacinas da gripe comercializadas. Nos ratos, os resultados dos testes revelaram "a proteção da vacina contra determinados vírus da gripe", tendo sido mais promissores para o subtipo H3, assinalou António Roldão.

Uma outra equipa envolvida no EDUFLUVAC mapeou e analisou todas as variantes do vírus da gripe que se conhecem desde 1914.

Com base nessa análise, criou um algoritmo que permitiu determinar cinco componentes proteicos que pensa cobrir todas as variantes e conferir proteção de maior duração contra futuras infeções pelo vírus da gripe.

A vacina experimental não tem na sua composição vírus da gripe "atenuados ou desativados", mas proteínas derivadas do vírus que são "inofensivas para o organismo humano", porque não têm o material genético do vírus, reforçou o investigador do iBET.

Tais proteínas foram reproduzidas em culturas de células do bicho-da-seda, permitindo reduzir os custos de produção da vacina e, ao mesmo tempo, aumentar a resposta imunitária nos animais, uma vez que o organismo-hospedeiro das proteínas do vírus da gripe é diferente, é um inseto.

O projeto EDUFLUVAC começou em 2013 e termina em 2017, esperando a equipa de investigadores ter, até ao final do ano, os resultados dos testes feitos com furões e macacos, para poder avançar eventualmente com uma candidatura para realizar ensaios com pessoas.