As conclusões são do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO) aos três rastreios de base populacional.

A análise salienta que a cobertura dos rastreios de base populacional (cancro de mama, do colo do útero e colorretal) continua a ser assimétrica em Portugal, escreve o jornal Público.

No cancro de mama, por exemplo, se o Centro, o Alentejo e o Algarve já estão cobertos a 100%, em Lisboa e Vale do Tejo a taxa de cobertura ainda é muito reduzida - só se faz rastreio em quatro dos 15 agrupamentos de centros de saúde.

No entanto, é o rastreio do cancro de mama o que apresenta uma taxa de cobertura mais abrangente. Do total de mulheres elegíveis, quase três quartos do total estão já cobertas por rastreios de base populacional, mas as que fizeram mamografias em 2014 foram, porém, menos de metade do total (43%).

O coordenador do PNDO, Nuno Miranda, admite que o facto de alguns estudos estrangeiros questionarem a utilidade deste rastreio, devido ao risco de sobrediagnóstico, poderá ter algum efeito.

O impacto da situção financeira do país pode ser ainda outra explicação: "Numa crise, o futuro não é tão importante como presente", comenta Nuno Miranda à referida publicação.

Quanto ao cancro do colo do útero, o relatório do PNDO revela que só um quarto das mulheres entre os 25 e os 64 anos que deveriam fazer citologias são chamadas para rastreios e apenas 12% fizeram os testes, menos 14.020 do que em 2013.

"Haverá pessoas que pensam que a vacinação contra o HPV (papiloma vírus humano) resolve o problema e outras que, por terem sucessivos testes negativos, acabam por achar que não vale a pena", enfatiza Nuno Miranda.

No cancro colorretal, um dos mais eficazes por permite despistar atempadamente pólipos que podem evoluir para cancro, o cenário também não é animador.

No ano passado, apenas 3,7% dos homens e mulheres elegíveis para o teste de sangue oculto nas fezes (que, se der positivo, é seguido por uma colonoscopia) tinham a possibilidade de se submeter à despistagem deste que é um dos cancros mais mortais em Portugal. Contudo, só 1,1% acabaram por ser rastreados. Ou seja, de pouco serviu o facto de a cobertura populacional ter aumentado quase para o dobro em relação a 2013.