A importância de investigar a relação entre a menopausa e a osteoporose espelha-se nas prevalências desta condição óssea que afeta 17% das mulheres portuguesas, em comparação com 2,6% dos homens, segundo dados da Sociedade Portuguesa de Reumatologia de 2013. A diferença pode ser explicada pela menopausa, caraterizada por uma desregulação da remodelação dos ossos, com consequente diminuição da massa óssea.

O estudo, realizado num modelo animal, evidenciou que o decréscimo dos níveis da hormona estradiol altera o metabolismo das células ósseas, estando associado ao desenvolvimento de osteoporose, e que a reintrodução daquela hormona permite a recuperação do metabolismo normal das células.

A investigadora explica que "durante a menopausa o aparecimento da osteoporose pode estar associado a um declínio metabólico generalizado das células ósseas. Neste estudo a hipótese centra-se na alteração do metabolismo dos osteócitos (células ósseas) em dois cenários: na presença e ausência de estradiol em ratos. A condição de menopausa dos ratos foi mimetizada através da retirada dos seus ovários. O trabalho revelou, através dos dois cenários, que o estradiol tem um impacto marcante no metabolismo dos osteócitos".

O trabalho tem vindo a ser realizado no CNC, no grupo de investigação "Mitocôndria, Metabolismo e Doença - Área de Menopausa, Envelhecimento e Metabolismo", sob a orientação da investigadora Vilma Sardão.

O projeto de investigação envolve uma equipa interdisciplinar, incluindo investigadores do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto do Instituto Politécnico de Leiria e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

A distinção teve lugar no Quarto Encontro Conjunto da European Calcified Tissue Society (ECTS) e da International Bone and Mineral Society (IBMS), que decorreu em Roterdão, na Holanda.