Num comunicado da Universidade do Minho, Noel de Miranda, ex-aluno de Biologia Aplicada da Universidade do Minho, reconhece que a distinção "acarreta" uma "grande responsabilidade".

A investigação de Noel de Miranda "tem como principal objetivo o desenvolvimento de estratégias que estimulem o sistema imunitário de doentes com cancro colorretal para que as células tumorais possam ser identificadas e eliminadas pelo mesmo", explica o texto.

Segundo a UMinho, "o sistema imunitário tem a capacidade de reconhecer proteínas anormais produzidas pelas células cancerosas", mas "nos pacientes nem sempre se verifica uma resposta imunitária competente durante o desenvolvimento de cancro colorretal".

Proteínas contra o cancro

Assim, o estudo daquele investigador, propõe "utilizar as proteínas que se encontram modificadas nas células tumorais para estimular uma resposta imunitária contra as mesmas, algo semelhante ao que é feito através da vacinação contra certas doenças".

Noel de Miranda explica que "para isto ser possível, o material genético de cada cancro/paciente tem de ser analisado através de técnicas de sequenciamento avançadas, de forma a determinar que proteínas podem ser usadas para potenciar respostas imunitárias num contexto de medicina personalizada".

Desta forma, o objeto de estudo do trabalho intitulado "Desenvolvimento de imunoterapias personalizadas para doentes com cancro colorretal em estádio avançado" são indivíduos que desenvolvem este tipo de cancro antes dos 50 anos.

Apesar de a doença ser maioritariamente diagnosticada depois desta idade, realça o comunicado, tem-se observado um aumento da incidência em pessoas mais jovens, principalmente devido às alterações verificadas no estilo de vida dessa população (dieta, sedentarismo, entre outras).

"Esta faixa etária não é incluída em programas de rastreio para a deteção precoce de cancro colorretal, sendo a doença diagnosticada, muitas vezes, em estádios avançados. Por isso, o desenvolvimento de terapias inovadoras é especialmente importante para este grupo", realça o premiado.

Quanto ao prémio, o investigador adianta que é "uma contribuição preciosa" para prosseguir a carreira nesta área" e "adquirir independência", com o objetivo de se estabelecer o seu próprio grupo de investigação.

"Acarreta também um sentimento de grande responsabilidade, uma vez que o financiamento é assegurado através das contribuições de (ex-)doentes, familiares e outras pessoas que se dedicaram a esta causa", admite Noel de Miranda, agora investigador na Universidade de Leiden (Holanda).

Natural da Póvoa de Varzim, Noel de Miranda, 32 anos, licenciou-se em Biologia Aplicada na Escola de Ciências da UMinho ingressando depois no Centro Médico da Universidade de Leiden (Holanda) para desenvolver um doutoramento relacionado com o cancro colorretal. Realizou um pós-doutoramento no Instituto Karolinska (Suécia).

Atualmente, é investigador no Centro Médico da Universidade de Leiden, onde se dedica ao estudo de genética e imunologia em cancro colorretal tendo 27 artigos publicados em revistas científicas internacionais.