Segundo dados hoje divulgados pela Direção-geral da Saúde, no Dia Mundial da Tuberculose, em 2015 atingiu-se uma incidência de 20 casos por 100 mil habitantes, estando o país pela primeira vez neste patamar.

“Estamos a convergir com os outros países da Europa, não tanto como gostaríamos, mas estamos a convergir”, comentou, durante a apresentação destes dados, a coordenadora do Programa Nacional de Combate à Tuberculose, Raquel Duarte.

Pode haver várias explicações para Portugal ser o país da Europa que tradicionalmente tem mais novos casos de tuberculose, apesar de nenhuma delas estar cientificamente comprovada, e uma dessas razões pode ser o peso da população portuguesa retornada de África.

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“Há muitos anos ainda estávamos a aumentar a incidência de tuberculose, quando todos os outros países já estavam a diminuir. Nós partimos de uma incidência muito acima do resto dos países da Europa ocidental”, referiu a especialista em declarações aos jornalistas.

Para a coordenadora do Programa Nacional, as prioridades agora passam por diminuir o tempo que demora entre os sintomas e o diagnóstico da tuberculose, reduzindo o tempo em que o doente está infeccioso e transmite a doença, na comunidade.

É ainda prioritário aumentar a adesão terapêutica, fazendo com que os tratamentos sejam feitos até ao fim, o que pode ser mais dificultado na população vulnerável, como os sem-abrigo ou consumidores de droga, que são também grupos de risco, a par ainda dos reclusos e dos infetados com VIH/sida.

Raquel Duarte refere que o tempo médio, até a obtenção de um diagnóstico de tuberculose, está acima dos cem dias, muito pela demora na procura de cuidados de saúde e também pela falta de sensibilização dos próprios profissionais.

“É preciso que a tuberculose continue a ser um diagnóstico possível”, afirmou, sublinhando a necessidade de estabilizar os profissionais com formação e experiência em tuberculose.

A perita estima que continuarão a surgir surtos de tuberculose esporádicos em alguns locais como prisões ou determinados bairros, que são precisamente caraterísticos de incidências mais baixas.

A tuberculose começa a ser uma doença que não está em toda a comunidade, mas sim nalguns grupos de risco e mais concentrada nalgumas áreas geográficas, sobretudo nas zonas urbanas de Lisboa e Porto.

Aliás, a redução da incidência da doença, leva o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, a considerar possível construir uma visão de "um Portugal sem tuberculose".