10 de julho de 2014 - 11h11
A população servida pela extensão de saúde de Ribamar, Lourinhã, está sem médico de família e, à falta de soluções, é obrigada a levantar-se de madrugada para conseguir uma consulta de recurso, alertaram as duas juntas de freguesias abrangidas.
A extensão serve Ribamar e Santa Bárbara, freguesias onde residem 4.500 pessoas, mas não tem médico de família para os 1.580 utentes inscritos. Uma parte dos residentes de Santa Bárbara é servida pelo Centro de Saúde da Lourinhã.
O problema arrasta-se há seis anos sem que utentes tenham médico de família e, em alternativa, têm sido contratados médicos que, até fevereiro, eram dois (uma com 15 horas semanais e outro um dia, de quinze em quinze dias).
Desde março, é apenas uma médica que se desloca duas vezes por semana (15 horas) para assegurar as consultas de recurso que, segundo os autarcas, são insuficientes para as necessidades da população.
"A extensão não aceita consultas por marcação telefónica e as pessoas têm de ir para lá às cinco e seis da madrugada para conseguirem uma consulta para aquela semana e, muitas vezes, quando lá chegam, já estão todas preenchidas", disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara.
Como existem oito mil utentes sem médico de família na sede do concelho, segundo a Câmara Municipal, a população de Ribamar e Santa Bárbara tem também dificuldades em ter aí consulta.
"Uma utente contou-me que fez análises e anda há dois meses a tentar marcar uma consulta para as ir mostrar e não consegue", exemplificou Pedro Rato, autarca de Ribamar.
Questionado pela Lusa, o diretor do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Sul, à qual pertence a Lourinhã, remeteu esclarecimentos para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) esclareceu apenas que, "para garantir a atribuição de médico de família a um maior número de utentes, decorre desde 23 de junho um concurso para colocação de 150 médicos, dos quais 11 serão alocados ao Agrupamento”.
Os autarcas alertaram que, por dificuldades no acesso aos cuidados médicos primários, "as pessoas reduziram a ida ao médico e estão a piorar a sua saúde, recorrendo às urgências quando aparecem doenças, por não as conseguirem prevenir".
"Estão a ser esvaziados serviços de saúde e tememos que a extensão encerre", afirmaram.
Ambas as freguesias ponderam avançar com ações de protesto, se até setembro não surgirem soluções que minimizem a falta de consultas.
O município da Lourinhã está, entretanto, a assegurar transporte para que um enfermeiro se desloque duas vezes por semana àquela extensão de saúde para fazer tratamentos.
Por Lusa