“Num dia temos médico, não temos administrativa. No outro temos administrativa, mas não há médico”, relatou o presidente da Junta de Freguesia de Alfeizerão, Leonel Ribeiro, contestando o facto de “a maior parte dos dias” a extensão de saúde se encontrar fechada.

Segundo o autarca, o problema “arrasta-se há cerca de um ano”, período em que “primeiro a administrativa esteve de baixa” e, nos últimos meses, “uma das médicas está de férias e a outra de baixa, deixando a população sem consultas”.

Utentes com “exames para mostrar há seis meses”, “sem conseguir receitas de medicamentos” ou ainda “obrigados a pagar 20 euros de táxi” para conseguir consulta nas Caldas da Rainha (a 12 quilómetros de distância) subiram hoje o tom da contestação durante a concentração.

Zaida Rebelo (48 anos) e Nazaré Ladeira (70), duas doentes oncológicas, contaram que não têm conseguido realizar exames pedidos pelo Instituto Português de Oncologia, devido à falta de médico na extensão.

Por isso, afirmaram-se dispostas a “criar um movimento que leve este assunto até ao Governo” e a iniciar um abaixo-assinado exigindo que a situação seja resolvida.

A extensão “já perdeu cerca de metade dos utentes”, lamentou o presidente da Junta, estimando que existam atualmente “cerca de mil doentes inscritos” de entre uma população de 3.800 eleitores.

“Muitos optam por mudar para o Centro de Saúde de Tornada (a oito quilómetros) ou de S. Martinho (cinco quilómetros), mas depois são obrigados a pagar transporte para irem às consultas”, criticou, lembrando que na segunda-feira “foram mandados para Caldas da Rainha pedidos de receitas em atraso”.

Contactada pela agência Lusa a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte, Ana Pisco, admitiu a “falta de recursos” na unidade de saúde, que conta com “cinco médicos e cinco administrativos para quatro extensões”, nomeadamente Alfeizerão, S. Martinho, Cela e Pinhal Fanheiro.

Dos cinco médicos, dois estão com atestado médico devido a intervenções cirúrgicas, um com atestado de dois ou três dias e um de férias, mantendo-se ao serviço, para os quatro polos, apenas um clínico.

A baixa médica de duas assistentes técnicas e “o facto de estes assistentes terem horários de 35 horas e as consultas serem de 40 ou 42 horas” dificultam ainda mais a situação, sobretudo em período de férias.

“Já acionámos uma empresa de prestação de serviços para tentar resolver este problema”, afirmou Ana Pisco, estimando que dentro de uma semana se possa ter mais médicos ao serviço e “a situação atenuada”.

Ana Pisco acredita que “em setembro, terminado o período de férias, a situação possa estar completamente resolvida” e assegurou à população que a extensão de saúde de Alfeizerão não irá encerrar.

Os manifestantes abandonaram o local cerca das 12:00.