A lista consta do relatório da Comissão de Acompanhamento sobre Poluição no Rio Tejo, hoje apresentado pelo ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e distribui-se pela bacia hidrográfica, que cobre cerca de 80.500 quilómetros quadrados, dos quais 24.650 em Portugal, mais de 28% da superfície do continente nacional, e abrange 102 concelhos.

"Verifica-se que, por toda a bacia, se encontram problemas históricos de qualidade da água devido ao tratamento ainda insuficiente de águas residuais urbanas e/ou industriais, problemas de poluição difusa com origem na agricultura e/ou pecuária", refere o documento.

Os especialistas apontam a perda de conectividade, devido à existência de poucas barragens com passagens para peixes e ao facto de a maioria dos "regimes de caudais ecológicos não terem ainda sido implementados", a que acresce "uma monitorização insuficiente das massas de água e das ações de acompanhamento".

Os problemas associados a zonas mineiras a norte da bacia, a redução de afluências naturais na secção de Cedillo, em Espanha, zonas industriais contaminadas na área do estuário e défice sedimentar na orla costeira (Arco Caparica-Espichel) com risco de erosão e ‘galgamento’ são outras questões focadas.

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O relatório analisou as pressões sobre o rio, considerando os setores urbano e industrial, ou seja, as descargas de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e de aterros (lixiviados), e as indústrias abrangidas pelo regime PCIP (Prevenção e Controlo Integrados da Poluição) - transformadora, alimentar e do vinho, além das cargas geradas pelo setor da agricultura, pecuária e pelo golfe.

Num dos fatores medidos, a Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5), 90% da carga rejeitada é da responsabilidade das ETAR urbanas, segundo o documento, enquanto para outro - o azoto total (Ntotal) - é a agricultura que representa 73% da carga difusa estimada para a região hidrográfica, enquanto a pecuária representa 27%.

"Em termos de carga rejeitada, o setor da pasta de papel é o que apresenta valores mais elevados de CB05 e CQO [Carência Química de Oxigénio], respetivamente 73% e 80% da carga total rejeitada pelo universo das instalações PCIP", seguindo-se as unidades do setor químico.

Destacam-se ainda as indústrias PCIP, relativas à transformação de matérias-primas para alimentação humana ou animal. O relatório refere a extração de inertes, em cerca de 106 quilómetros, entre Abrantes e Vila Franca de Xira, sendo que no rio Tejo existem 18 locais com esta atividade, e dois núcleos de exploração mineira.

Os principais problemas transfronteiriços são a elevada taxa de utilização da água na bacia espanhola do Tejo, com a intensificação dos regadios, transvases, a contaminação e a falta de implementação de caudais ecológicos, assim como a necessidade de controlar a eventual radioatividade nas massas de água vindas da central nuclear perto da fronteira.

Tem-se verificado uma diminuição das afluências devido ao aumento dos usos da água associado à maior capacidade de armazenamento nas albufeiras da região hidrográfica do Tejo, em Espanha.

No entanto, o Tejo "encontra-se, hoje, dotado de um vasto conjunto de infraestruturas de abastecimento de água e saneamento de águas residuais urbanas e industriais, que permitem constatar que, em cerca de 20 anos, se avançou significativamente em termos de qualidade da água".

"Não obstante e, de acordo com a mais recente avaliação em matéria de estado das massas de água na região hidrográfica do Tejo, cerca de 50% estão ainda com estado inferior a Bom na classificação", e ainda são detetados problemas de poluição que "carecem de combate e resolução".