Os adoçantes estão nas bebidas, gelados, iogurtes, bolachas, pastilhas elásticas e até nos produtos farmacêuticos, mas são motivo de desconfiança para cientistas de todo o mundo. Alguns estudos defendem que engorda, outros garantem que aumenta a fome, por exemplo.

Algo que Lluís Serra-Majem, Catedrático de Medicina Preventiva e Saúde Pública, em Espanha, contrapõe. "Os adoçantes constituem um elemento de inegável interesse e atualidade, apesar de existir um certo desconhecimento por parte de alguns setores da população e do âmbito académico", diz o professor da Universidade de Las Palmas em Gran Canária.

Da nutrição à endocrinologia, passando pela saúde pública, pediatria, entre outras áreas, 67 peritos estiveram reunidos em Lisboa, nos dias 3 e 4 de julho, para analisar o papel do adoçantes na alimentação, a sua segurança, as medidas regulatórias e os aspetos nutricionais. Sérgio Cunha Velho de Sousa, nutricionista do Hospital Pediátrico de Coimbra e codiretor do encontro, defende que os adoçantes são uma ferramenta que contribui para a redução do consumo de açúcares adicionados, com vantagens na prevenção da obesidade, diabetes e cáries dentárias.

"A maioria dos estudos que investigam o papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias no controlo do peso demonstraram que substituir alimentos e bebidas da alimentação diária por versões com menor aporte e até mesmo sem aporte de calorias, como parte de um programa de controlo calórico, pode levar a reduzir a ingestão calórica global e desempenhar um papel significativo no controlo de peso. Para além disso, os adoçantes sem ou de baixas calorias oferecem às pessoas com diabetes alternativas para desfrutar do sabor doce, sem aumentar a glicose no sangue", acrescenta.

Os adoçantes de baixas calorias mantêm o sabor doce dos alimentos e das bebidas "sem adicionar a carga de energia dos açúcares", reforça France Bellisle, investigadora da Unidade de Epidemiologia Nutricional da Universidade de Paris 13.

Segurança garantida?

A obtenção da autorização para a comercialização de um adoçante é um processo cientificamente rigoroso, que passa por várias fases e que envolve entidades como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Comissão Europeia e Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA).

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Susana Socolovsky, doutorada em Ciências Químicas da Universidade de Buenos Aires e presidente da Associação Argentina de Técnicos da Alimentação, recorda que "os adoçantes sem ou de baixas calorias são usados numa grande variedade de alimentos e bebidas, tendo em conta o interesse de alguns consumidores no controlo do seu peso corporal, na ingestão de alimentos doces evitando o consumo de açúcares, no caso dos diabéticos ou de evitar as cáries. Graças ao quadro normativo rigoroso existente, que tem origem no Comité FAO-OMS, que faz a sua aprovação, os adoçantes sem ou de baixas calorias são componentes seguros da dieta da população em geral".

A reunião foi organizada pela Fundação para a Investigação Nutricional (FIN), com a colaboração da Universidade Lusófona de Lisboa e com o apoio de 42 sociedades, fundações, universidades e centros de investigação europeus e ibero-americanos.