Em declarações à Lusa, Manuel Luís Capelas explicou que os custos por cada doente a necessitar de cuidados paliativos em Portugal poderiam baixar entre dois a quatro mil euros por ano, caso existissem estruturas mais adequadas, uma vez que se estima que haja em Portugal cerca de 60.000 adultos a necessitar destes cuidados.

"O custo destes doentes para o Serviço Nacional de Saúde baixava e tornava o serviço nacional mais eficiente", defendeu o enfermeiro, especializado nesta área, à margem da sessão de abertura da segunda edição das Jornadas de Cuidados Paliativos do Algarve, que decorrem entre hoje e sexta-feira, em Faro.

Aquele responsável referiu que há muito poucas equipas especializadas no país, o que faz com que, em certos locais, não seja cumprido o tempo de atendimento mínimo, como o caso de um serviço no país, que não especificou, em que há apenas um médico a trabalhar uma vez por semana nesta área.

Necessárias mais respostas ao domicílio

Além da necessidade de estruturas básicas de internamento que prestem estes cuidados, Manuel Luís Capelas insiste na necessidade de ampliar as respostas ao domicílio, o que contribuíria para diminuir as hospitalizações.

No distrito de Faro, por exemplo, existe apenas uma equipa de suporte domiciliário em cuidados paliativos, que atua nos concelhos de Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim e Tavira, embora haja distritos no país sem qualquer recurso nesta área.

Segundo disse à Lusa Fátima Teixeira, coordenadora da equipa de cuidados paliativos do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Sotavento Algarve III, até ao final do ano deverá ser criada uma equipa semelhante no ACES Barlavento, estimando-se que em 2015 todo o Algarve possa estar coberto, com a constituição de uma terceira equipa, no ACES Central.

No caso dos cuidados paliativos pediátricos, o presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) admite que há todo um caminho a percorrer, mas elogia o trabalho "exemplar" que tem vindo a ser feito nesta área, que classifica como muito sensível.

"A sociedade reage com maior dificuldade a estas questões nesta faixa etária", afirmou, observando que não existem equipas especializadas na prestação destes cuidados a crianças e jovens, mas frisando que há profissionais que estão a ser formados para tal e que a questão "está a ser pensada de raiz".

Para o também professor da Universidade Católica, apesar de a prevalência de doenças que ameaçam a vida ser menor nas camadas mais jovens, o impacto é muito superior para a família.

Apenas um em cada dez doentes terminais tem acesso a cuidados paliativos e cerca de 50% dos doentes referenciados nem sequer chegam a ser admitidos nas unidades porque morrem entretanto, concluiu.