Antes de entregarem a petição à vice-presidente da Assembleia da República, Teresa Caeiro, cuidadores oriundos de várias zonas do país fizeram um cordão humano, em frente ao Parlamento, em homenagem a todas as vítimas de Alzheimer, aos cuidadores e a todos os ex-cuidadores.

Sofia Figueiredo, uma das promotoras da iniciativa, adiantou que “a petição é pela criação do estatuto do cuidador informal do doente de Alzheimer e outras demências ou patologias neurodegenerativas associadas ao envelhecimento”. O objetivo é que “se reconheça social e juridicamente a condição de cuidar” e que “sejam assegurados os direitos e as necessidades do cuidador”, explicou.

Os cuidadores pretendem que seja disponibilizado apoio à terceira pessoa na assistência ao cuidador e que seja produzida legislação que preveja a redução do horário laboral em 50%, sem perda de vencimento.

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“Pedimos também um sistema equitativo fiscal”, que promova deduções fiscais para os cuidadores, e que seja reconhecida juridicamente uma pensão de sobrevivência mensal após a morte do doente, “para compensar a perda dos rendimentos do trabalho resultantes do ato de cuidar”, adiantou Sofia Figueiredo.

Mais direitos

Os cuidadores defendem também o direito a um subsídio por morte e que o tempo despendido enquanto cuidador conte para efeitos de reforma. Apelam ainda ao reforço do apoio a instituições para formação e aconselhamento das pessoas com demência, bem como mais estruturas formais para o doente e estruturas de descanso para o cuidador, através da rede nacional de cuidados integrados.

Para os cuidadores, também é fundamental que o doente tenha atendimento prioritário nos cuidados de saúde: “É muito difícil levar um doente de Alzheimer para o hospital e ter uma espera na urgência de quatro a seis horas. Como é que conseguimos aguentar aquele doente ali? É desgastante”, sublinhou Sofia Figueiredo.

A petição apela ainda que se estabeleça o dia 18 de junho como o Dia Nacional do Cuidador.

A escolha da data deve-se ao facto do I Encontro Nacional de Cuidadores de Doentes de Alzheimer e outras Demências Similares ter acontecido nesta data em Lisboa.

A petição refere que o diagnóstico e as alterações decorrentes de uma doença incapacitante implicam repercussões na dinâmica familiar.

“Cuidar de uma pessoa doente dependente com deterioração cognitiva traduz-se numa sobrecarga intensa que pode comprometer a saúde e o bem-estar emocional de quem cuida”, que na maioria das vezes é um familiar próximo

Em cerca de 70% das situações é o marido ou a esposa quem cuida, com o auxílio dos filhos, de outros familiares ou de vizinhos. Estima-se, contudo, que cerca de 40% dos cuidadores não recebem qualquer ajuda.