22 de abril de 2014 - 12h28

Mais de 5.600 pessoas assinaram a petição contra o encerramento do serviço de Cirurgia Cardiotorácica e Cardiologia Pediátrica do Hospital de Santa Cruz, previsto numa portaria do Ministério da Saúde.

Segundo o texto que acompanha a petição, dois dos centros hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que possuem serviços de Cirurgia Cardio-Torácica (CCT), o de Vila Nova de Gaia e o de Lisboa Ocidental, veem vedada a possibilidade de continuar a oferecer essas valências à população, dado que são incluídos no grupo II das instituições hospitalares.

O objetivo da petição, que hoje já contava com 5.604 assinaturas, é impedir a concretização desta intenção, alegando que o Hospital de Santa Cruz é, na região de Lisboa e Vale do Tejo, o centro de cirurgia cardiotorácica de maior volume cirúrgico cardíaco: 1.150 operações por ano.

Alegam os autores do texto da petição que “os restantes dois serviços de cirurgia cardiotorácica – nos Hospitais de Santa Maria e de Santa Marta - não têm capacidade para absorver o volume cirúrgico que se perde ao encerrar este serviço (mais 600 operações por ano cada um, o que equivale a aumentarem a sua atividade anual em mais de 50 por cento)”.

“O serviço de cirurgia cardiotorácica é um dos três centros do SNS que realiza intervenções em cardiopatias congénitas em recém-nascidos e lactentes, em estreita colaboração com o serviço de cardiologia pediátrica, um dos dois da região de Lisboa e Vale do Tejo que será também encerrado”, lê-se no texto.

Os autores lembram ainda que o Hospital de Santa Cruz é “um dos quatro centros nacionais de transplantação cardíaca, o mais antigo de todos nesta área, tendo introduzido esta modalidade terapêutica em Portugal, em 1986”.

“O Hospital de Santa Cruz tem sido, desde a sua criação, um centro de medicina cardiovascular inovador e de excelência, com vários marcos históricos a nível nacional e internacional, desde a introdução em Portugal da angioplastia coronária, ainda na década de 1980, até aos modernos procedimentos de substituição de válvulas cardíacas por via percutânea e transapical”, prosseguem os autores.

Esta petição chegou a estar inacessível aos profissionais do Hospital de Santa Cruz, o que gerou alguma apreensão, mas fonte da administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) disse à Lusa que tal se deveu a “um problema técnico devido à sobrecarga no servidor”.

“A situação foi rapidamente regularizada no próprio dia”, adiantou.

Um
esclarecimento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS)
sobre esta portaria, que tem motivado fortes críticas de alguns
autarcas, refere que “a nova classificação assenta, primordialmente, em
critérios de base populacional e complementaridade da rede hospitalar
para a prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade e
proximidade”.

No dia seguinte à publicação da portaria, o
Ministério da Saúde garantiu que nenhum hospital público terá
encerramento de serviços no imediato e que, caso isso venha a acontecer
no futuro, os profissionais de saúde serão sempre integrados noutras
unidades.

“Não há nenhuma quebra de serviços imediata. O que
existem são indicações estratégicas que o sistema vai ter de observar.
Não é um quadro totalmente fechado, nem é para ter efeito imediato. Não
há que haver preocupação”, declarou à agência Lusa o secretário de
Estado da Saúde, Manuel Teixeira.

Fonte da administração do CHLO disse estarem previstas “reuniões com a tutela para avaliação das estratégias a seguir”.

Lusa