A recomendação faz parte do manual “Nutrição e Doença de Alzheimer”, que é hoje publicado no blogue “Nutrimento”, do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, o qual organiza, de forma resumida, “o que se sabe sobre a influência da nutrição na prevenção e progressão da doença de Alzheimer”.

O manual também aborda, em particular, “os nutrientes mais salientes nesta área, alguns tipos de padrões alimentares (Dieta Mediterrânea e Dieta MIND)” e disponibiliza “informação relativa à evidência científica do papel protetor de alimentos como o peixe, hortícolas, fruta e leguminosas”.

No documento lê-se que “a malnutrição associada à perda de peso é bastante frequente nesta patologia, embora as causas variem”, podendo incluir “falta de apetite, dificuldades em cozinhar, problemas com a comunicação ou reconhecimento de fome, má coordenação motora, maior cansaço, dificuldades de mastigação e deglutição”.

Segundo os autores do documento – Andreia Correia, Jéssica Filipe, Alejandro Santos e Pedro Graça –, “atualmente ainda não existe nenhuma intervenção médica que possa prevenir a doença de Alzheimer”.

“Pensa-se, porém, que um efeito protetor possa advir da melhoria dos estilos de vida, entre os quais se encontra a alimentação”, lê-se no manual.

Benefícios de alguns nutrientes na doença

O documento refere-se a diferentes tipos de estudos epidemiológicos, os quais “têm permitido acumular informação sobre os efeitos positivos dos ácidos gordos ómega 3 e micronutrientes como as vitaminas do complexo B, vitaminas E, C e D sobre os neurónios, sobretudo no decorrer do processo de envelhecimento”.

Apesar de não ser conhecida qualquer evidência científica suficiente para suportar a recomendação de suplementação específica de antioxidantes na prevenção e tratamento da doença de Alzheimer, os autores recomendam que “sejam atingidas as doses diárias de ingestão recomendadas destes nutrientes, preferencialmente através da alimentação”.

Em relação ao álcool, o manual indica que “o consumo moderado de bebidas alcoólicas, em estudos de corte e caso controlo, sobretudo de vinho, parece estar associado a uma diminuição do risco de aparecimento de doença Alzheimer em particular nos indivíduos sem o alelo APOE4”.

Os autores recordam alguns estudos que “mostram alguma evidência de que o consumo de café, chá e de outras fontes de cafeína pode ter um papel protetor contra o declínio cognitivo, doença de Alzheimer e demência, sendo esta eventual proteção mais evidente em mulheres do que em homens”.

No entanto, prosseguem, “esta associação não tem sido encontrada para todos os domínios cognitivos faltando ainda estabelecer uma relação dose-resposta, devendo-se por isso recomendar um consumo moderado de cafeina, não ultrapassando as doses diárias máximas recomendadas”.

A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras).

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos. Até à presente data não existe cura para esta patologia.