Afetado pelos efeitos devastadores da Epidermólise Bolhosa Juncional (JEB, em inglês), o menino foi internado num hospital em junho de 2015, quando tinha sete anos. "Tinha perdido quase dois terços" da epiderme, disse o médico Tobias Rothoeft, do Hospital Universitário Infantil Ruhr, em Bochum, na Alemanha, cujo estudo foi publicada esta quarta-feira na revista britânica Nature.

Após testar vários tratamentos - incluindo um transplante de pele do pai, que o corpo do menino rejeitou -, os médicos resignaram-se.

Os pais suplicaram aos clínicos que tentassem "qualquer coisa". Foi nessa altura que surgiu o trabalho de Michele de Luca, especialista em medicina regenerativa em Modena, Itália. "Ele prometeu que nos daria pele suficiente para curar este menino", lembra Rothoeft.

De Luca e a equipa extraíram células da pele de uma parte não afetada do corpo do menino, corrigiram o gene mutado e usaram as células para cultivar pele em laboratório. Esta pele foi então implantada no corpo do menino, em duas operações, em outubro e novembro de 2015. No total, 80% da sua pele foi substituída.

Já joga futebol

O menino saiu do hospital em fevereiro de 2016, após quase oito meses internado nos cuidados intensivos. Um ano e meio depois, a criança está bem, joga futebol e não toma nenhum medicamento. "A pele é de boa qualidade", coment Rothoeft. "Se ele sofrer algum hematoma (...), este curar-se-á da mesma forma que uma pele normal".

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O tipo de JEB - uma doença rara - que afeta o menino é causada pela mutação de um gene chamado LAMB3, que impede a adesão correta da epiderme à camada inferior, a derme.

Não há cura e mais de 40% dos afetados pela doença morrem antes da adolescência. Os que sobrevivem sofrem feridas crónicas e, com frequência, cancro de pele. "Acredito que esta epiderme (implantada) durará para sempre", disse De Luca.

O menino ainda tem bolhas nas zonas não transplantadas, que afetam entre 2% a 3% da superfície do seu corpo.

A nova técnica abre uma porta de esperança para os afetados pela JEB, embora os especialistas ainda precisem de determinar se sua eficácia será igual em outros pacientes.