Em declarações à agência Lusa, José Manuel Boavida destacou o impacto destas amputações na qualidade de vida dos diabéticos.

“Amputadas cerca de 700 pessoas acima do tornozelo e cerca de 860 a nível dos pés é claramente um impacto enorme na vida das pessoas”, disse.

Segundo José Manuel Boavida, “a questão das amputações tem sido afirmada como prioridade pelos Ministérios da Saúde dos últimos anos, mas não passou de apelos”.

Para este médico, “a única medida eficaz é criar equipas nos hospitais, obrigatoriamente e não por decisão das direções”.

“Hoje sabe-se que se houver equipas especializadas as amputações reduzem-se em mais de metade”, disse.

O objetivo é que, quando uma pessoa aparece a precisar de assistência por causa de um problema no pé, "seja encaminhada para a urgência e aí seja chamada a equipa especializada”.

Nos hospitais, “sempre que existe esta preocupação de evitar que qualquer serviço de urgência possa submeter de imediato uma pessoa a uma amputação, isso permite reduzir em mais de 50 por cento as amputações”.

Sobre o número de amputações em Portugal, José Manuel Boavida considerou-o “um desafio a que não se pode dizer que não, num país que não tem minas e onde a maior parte das amputações pode ser evitada”.

Em 2013 aumentaram os internamentos associados ao pé diabético e o aumento das amputações dos membros inferiores, segundo o relatório “Diabetes: Factos e Números”, do Observatório Nacional de Diabetes.

De acordo com este documento, a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhões de indivíduos) foi de 13%, ou seja, mais de um milhão de portugueses.