O estudo conduzido com base em 22 tipos de tratamentos - diferentes dosagens de paracetamol e sete medicamentos anti-inflamatórios - mostrou que o paracetamol não apresentava "eficácia clinicamente significativa" mesmo que seja "um pouco melhor" do que um placebo.

A artrose é uma doença inflamatória que gera dores, inchaços, atrofias e uma perda do funcionamento das articulações. Esta patologia atinge quase 10% dos homens e 18% das mulheres com mais de 60 anos.

O medicamento que se mostrou mais eficaz contra as dores ligadas à artrose foi o anti-inflamatório diclofenaco a uma dose de 150mg/dia, à frente de outros anti-inflamatórios como o ibuprofeno, o naproxeno e o celecoxibe.

Estes anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) não podem ser prescritos por longos períodos de tempo, já que possuem efeitos secundários significativos - problemas digestivos, cutâneos ou cardíacos.

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"É por isso que o paracetamol normalmente é prescrito mais recorrentemente do que os anti-inflamatórios não-esteróides", comenta Sven Trelle, médico da universidade de Berna e autor do estudo.

O estudo consistiu em recuperar dados obtidos através de 60.000 pacientes que participaram nos testes clínicos cujos resultados foram publicados entre 1980 e 2015.

Hoje, na maior parte dos países, as recomendações centram-se na prescrição de paracetamol aos pacientes que sofrem de artrose e, caso seja necessário, um anti-inflamatório não-esteróide.

Num comentário anexado ao estudo, Nicholas Moore, do departamento de farmacologia da Universidade de Bordeaux, aponta que o "resultado não é completamente inesperado (...) a eficácia do paracetamol jamais foi estabelecida ou quantificada para as doenças crónicas e é provavelmente inferior ao que muitos imaginavam".

"A única preocupação é uma sobredose", ressaltou.

O paracetamol é muito tóxico para o fígado em caso de dosagem excessiva, mas pode também excepcionalmente ter efeitos cutâneos ou hematológicos em doses mais fracas, escreve a agência de notícias France Presse.