Num estudo que abordou o velho debate "natureza versus natureza", uma equipa internacional de cientistas conseguiu determinar de uma vez por todas, segundo eles, por que, por exemplo, a altura média de um holandês é tão diferente da de um português.

"Descobrimos que diferenças genéticas entre as nações conseguem explicar as diferenças de altura de país para país", afirmou à agência France Presse Matthew Robinson, da Universidade de Queensland, na Austrália, principal autor da investigação publicada na revista Nature.

Muitos traços físicos, incluindo altura e índice de massa corporal (IMC - divisão da altura pelo peso), variam entre pessoas de diferentes regiões do mundo, até mesmo entre países do mesmo continente.

Na Europa, por exemplo, os holandeses são em média sete centímetros mais altos do que os italianos e crescem oito centímetros a mais que os espanhóis.

Alimentação e fatores ambientais

Mas a contribuição relativa dos genes e dos fatores ambientais na altura nunca foi muito clara, como já tinha concluído um outro estudo prévio.

"Estávamos interessados em saber se havia diferenças genéticas", disse Robinson. Por isso, a equipa de investigadores usou dados genéticos de 9.416 europeus de 14 países para determinar altura e IMC. Depois, foram avaliadas as previsões para diferenças nacionais, que poderiam indicar que os genes influenciadores da altura e do IMC eram mais ou menos prevalecentes em pessoas de países diferentes.

"Eles descobriram que a seleção natural histórica tanto na altura quanto no IMC criou diferenças genéticas entre diferentes países", lê-se no estudo.

Cerca de um quarto da variação na altura e oito por cento da variação no IMC poderiam ser explicadas por características genéticas, segundo os pesquisadores.

A causa provável seria uma "seleção natural histórica" - o processo darwiniano - em que humanos ou animais mais adaptados ao meio ambiente sobrevivem e transmitem os seus traços genéticos para as gerações seguintes, enquanto os traços considerados inferiores tendem a desaparecer ao longo do tempo.

"Há centenas de milhares de anos, quando a Europa se estabelecia, era provável que as características necessárias à sobrevivência fossem diferentes para o Mediterrâneo e para o norte europeu", apontou Robinson.

A análise também descobriu que países tendencialmente com pessoas mais altas, como a Holanda e a Suécia, tinham a tendência genética para serem mais magros, embora o IMC fosse influenciado de maneira mais forte por fatores ambientais do que a altura.