“O principal objetivo desta campanha é informar, particularmente os seniores, mas também a população em geral sobre o risco de queda e as complicações daí inerentes”, nomeadamente as fraturas, disse hoje à agência Lusa o responsável pela iniciativa, Carlos Evangelista.

As estimativas apontam que 30% dos idosos já caíram alguma vez e que cinco a 10% dessas quedas ocasionaram lesões graves com risco de morte, adiantou o ortopedista.

“As fraturas, particularmente nas pessoas de mais idade, são situações que trazem muita carência, muita dependência a essas pessoas e por isso nós tentamos com esta campanha alertar para pequenos problemas do dia-a-dia”, explicou.

Tendo em conta que “a grande maioria das quedas acontece dentro de casa”, a campanha dá alguns conselhos para as prevenir, como evitar locais pouco iluminados, pavimentos molhados, retirar tapetes que possam provocar derrapagens e consequentes quedas, evitar medicação que perturbe o equilíbrio e em caso de insuficiência, melhorar a audição e a visão.

O ortopedista advertiu que “as pessoas com alguma idade que vivem sozinhas, e não só, têm que ter alguns cuidados em casa e atenção a alguns pormenores que vão evitar a queda”, como não ter objetos no chão, ter uma luz de presença no quarto para quando se levanta durante a noite, andar com o telemóvel ao peito ou tomar banho sentada.

Além dos problemas médicos, “as quedas apresentam custos sociais, económicos e psicológicos enormes, aumentando a dependência e a institucionalização”.

Um dos objetivos da campanha é também diminuir os custos no tratamento destas fraturas que, segundo dados da Direção-Geral da Saúde, estimaram-se, em 2006, em 52 milhões de euros, só em cuidados hospitalares.

“O que vai acontecer em meia dúzia de anos e já está a acontecer é os hospitais estarem cheios de doentes idosos com fraturas do colo do fémur”, disse o médico, defendendo como medida para evitar esta situação a aposta na prevenção, que deve começar junto das crianças.

Carlos Evangelista salientou ainda o impacto das fraturas do colo do fémur, que são “a grande problemática das quedas”, no dia-a-dia das pessoas

“Se a pessoa não for operada nas primeiras horas, se não tiver toda a atenção que é devida, mesmo no pós-operatório, as pessoas iniciam um processo de recusa de andar porque têm medo de cair novamente”, o que leva a uma atrofia da massa óssea.

Devido a este problema, a pessoa começa a fechar-se em casa, a deixar de falar com a família e a entrar num processo de depressão que a pode levar à morte, disse Carlos Evangelista, apontando esta situação como uma das explicações para o elevado número de mortes a seguir à fratura do colo do fémur (28%).

“É todo um acumular de um processo que resulta da desistência de viver”, lamentou.

Esta campanha vai contar com iniciativas de sensibilização em lares de terceira idade, universidades seniores, em centros de saúde e ações de rua, com a distribuição de panfletos a alerta para esta problemática.