Em declarações à agência Lusa, após uma visita ao hospital Arcebispo João Crisóstomo, Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), disse ter ficado surpreendido com a escassez de médicos no quadro hospitalar, considerando o caso "completamente inédito" no Serviço Nacional de Saúde.

"É como se o hospital existisse de forma artificial, à custa de empresas de contratação de médicos", frisou Carlos Cortes.

"É uma situação inadmissível e que está a asfixiar o hospital de Cantanhede. Os únicos [quatro] médicos do quadro passam por sérias dificuldades para assegurar o trabalho", frisou, lembrando que, para além das consultas, os clínicos dão apoio a uma unidade de cuidados paliativos ali existente.

De acordo com os dados da SRCOM, o quadro de pessoal médico possui dois especialistas de medicina interna, um anestesista e um ortopedista. Dos restantes 35 clínicos há, entre outros, seis anestesistas, cinco especialistas de medicina interna, quatro cirurgiões, três ortopedistas e três urologistas contratados a empresas, para além de sete médicos com contrato de avença.

Carlos Cortes enalteceu a "dedicação" dos médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar do hospital de Cantanhede, mas realçou que no ministério da Saúde, "aparentemente, alguém se esqueceu" daquela unidade, uma das que estiveram previstas serem devolvidas à gestão das Misericórdias.

Por outro lado, o responsável da Ordem dos Médicos diz que o hospital está há um ano em gestão corrente, já que o presidente do conselho de administração saiu para Aveiro, a exemplo de um vogal que também cessou funções.

"Só tem dois elementos, tem à frente a diretora clínica e o diretor de enfermagem. Será que alguém também se esqueceu? É impossível sustentar um hospital desta maneira", observou.