"Estar a pedir exames é estar a carimbar os doentes à entrada e depois ninguém sabe quando é que o doente vai ser observado pelo médico", começou por comentar José Manuel Silva em entrevista à RTP, na manhã desta terça-feira, referindo-se ao diploma do Governo que autoriza os enfermeiros a pedir exames complementares de diagnóstico aos doentes em espera nas urgências.

Ontem, o Governo publicou em Diário da República que os enfermeiros poderão passar a pedir exames complementares de diagnóstico aos doentes em espera nas urgências, por um período experimental de um ano.

"Só o médico sabe quais são os exames indicados", defende o bastonário da Ordem dos Médicos.

"O enfermeiro vai limitar-se a aplicar um protocolo, ora é impossível reduzir milhões de doentes que vão à urgência a meia dúzia de exames. Na maioria das situações, os doentes vão fazer exames a menos ou a mais", critica.

"O mais complexo de tudo é fazer o diagnóstico e a função do enfermeiro é diferente da do médico", explica.

"A Ordem dos Médicos não quer que os doentes sejam reduzidos a protocolos e que sobretudo se enganem os doentes. Espero que não obriguem os doentes a pagar as taxas moderadoras de exames desnecessários", sublinha.

"Esta é uma decisão com base em algum desespero para dar a ideia aos doentes que são rapidamente observados na urgência, mas este pedido de exames vai atrasar a triagem e sobrecarregar os laboratórios e o raio-x", comenta José Manuel Silva.