20 de maio de 2013 - 15h53
A Ordem dos Médicos considerou hoje desprestigiante para os clínicos de Portugal a proposta do Governo brasileiro, para que profissionais portugueses possam trabalhar temporariamente nalgumas regiões do Brasil, sem fazer o exame de revalidação do diploma de medicina.
“Consideramos que é uma desconsideração para os médicos portugueses e a qualidade da medicina portuguesa considerar uma licença provisória, e apenas para o exercício em regiões do interior do Brasil”, afirmou à agência Lusa o representante dos médicos em Portugal, José Manuel Silva.
Segundo o bastonário, a Ordem rejeita uma situação deste tipo, considerando que tem algumas semelhanças com a que o Governo português estabeleceu para os médicos da América Latina a trabalhar em Portugal.
Contudo, o caso da proposta do Governo brasileiro é ainda mais grave, afirmou José Manuel Silva, porque só “pretende atribuir uma licença provisória e apenas para regiões geográficas específicas do Brasil”.
“É desconsiderar a capacidade e qualidade dos médicos portugueses. São circunstâncias limitadoras e desprestigiantes da medicina e dos médicos portugueses”, frisou à Lusa.
O bastonário sublinhou também que qualquer medida a tomar pelo Governo brasileiro deve passar por um acordo com a Confederação Federal de Medicina, a congénere da Ordem dos Médicos portuguesa.
“Não gostaríamos de ver o Governo brasileiro a ultrapassar o que é o equivalente da ordem dos médicos no Brasil. [A proposta] deveria passar por um acordo envolvendo também o Governo português e a Ordem dos Médicos portuguesa e não uma decisão unilateral do Governo brasileiro”, adiantou.
A imprensa brasileira divulgou hoje que o Governo vai propor a Portugal e a Espanha que os médicos destes países que queiram trabalhar temporariamente no Brasil não tenham de fazer o exame de revalidação do diploma de medicina.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a proposta será apresentada hoje, em Genebra, pelo Ministério da Saúde do Brasil a Espanha e a Portugal, durante o encontro anual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os médicos estrangeiros só poderão atuar nas áreas determinadas pelo Governo brasileiro, em periferias e no interior do país, por período que não deve passar de três anos.
Caso queiram trabalhar mais tempo no Brasil, terão então de fazer o exame de revalidação do diploma de medicina, seguindo um modelo já adotado por países como Canadá, Austrália, Reino Unido e a própria Espanha.
Lusa