Também na página oficial do Facebook do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, o médico pronunciou-se com algum criticismo em relação à intransigência da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

"A publicação do Mapa de Vagas das especialidades do concurso (...) atrasou-se em função do objetivo de conseguir o número máximo de vagas possível. Foi um processo complexo, moroso e sensível, mas de que muitos acabarão por beneficiar", começa por dizer.

"Uma vez publicado, nada obrigava a que se desse aos candidatos um prazo de 18 horas, metade delas noturnas, para iniciar a seleção, nomeadamente tendo em consideração que os Internos do Ano Comum estão a trabalhar, têm escalas de urgência e podem estar muito longe dos locais de escolha", acrescenta no Facebook.

O bastonário diz ainda que já solicitou o alargamento em 48 horas do prazo para a escolha  da especialidade, porém o pedido não foi aceite.

Em comunicado enviado à Lusa, o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) afirma que o mapa de vagas para acesso à especialidade, publicado no final da tarde de segunda-feira, deixa “apenas quatro dias” para 1.548 candidatos fazerem as suas escolhas “em cinco pontos diferentes do país” e começarem a trabalhar a 2 de janeiro. Porém, a primeira tranche de candidatos começa a escolher a especialidade ainda hoje.

Alertando estar em causa uma situação de emergência, o Conselho Regional da Ordem dos Médicos exige o adiamento de “pelo menos 48 horas” no início das escolhas, o alargamento “para oito dias” no tempo de seleção e a prorrogação do início de funções por “15 dias de forma automática para quem o solicitar”.

O comunicado, assinado pelo presidente do CRNOM, Miguel Guimarães, explica que, de acordo com os termos do mapa publicado na segunda-feira, “nem sequer é dada a oportunidade em tempo útil aos candidatos de confirmarem a sua presença na lista de candidatos”, lamenta o responsável.

“Dada a gravidade da situação, o departamento jurídico da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos [SRNOM] fica desde já disponível para apoiar os médicos envolvidos nesta candidatura”, acrescenta.

Para o responsável, “o absurdo das decisões da ACSS exige uma mudança imediata na sua liderança”.

“Não é possível continuar a dialogar com quem não merece o nosso respeito nem a nossa confiança. No limite das suas competências o CRNOM está disponível para apoiar os colegas nas formas de luta que entenderem levar a cabo”, acrescenta o comunicado.

O CRNOM considera “absolutamente inaceitável” que o MS e a ACSS continuem “a tratar os médicos como números e não como pessoas” e salienta que, “mais uma vez, as políticas desastrosas, desumanas e humilhantes do MS e da ACSS continuam a ferir profundamente” a dignidade dos médicos.

“É uma ofensa para todos os médicos o desprezo, a irresponsabilidade, a cobardia e a prepotência com que nos tratam”, lamenta.

“Pessoalmente, e como presidente do CRNOM, considero esta situação intolerável e merecedora de uma resposta robusta. Uma resposta de todos os médicos. Uma resposta da sociedade civil. É uma questão de sobrevivência”, sustenta Miguel Guimarães.