A Ordem dos Enfermeiros (OE) alertou hoje que a dispensa de mais enfermeiros agrava o défice destes profissionais por utente e consequentemente vai sobrecarregar as urgências e os internamentos hospitalares, o que acabará por sair mais caro ao Estado.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou na segunda-feira que a tutela tinha dispensado 22 enfermeiros em Odivelas, depois de já ter despedido 24 destes profissionais em Lisboa.

Segundo a bastonária Maria Augusta de Sousa, já existe um “défice acentuado” de enfermeiros por utente, contando com os 22 agora anunciados fica um rácio de 3.029 utentes por enfermeiro.

A OE classifica esta situação de “absurda” e lembra que como consequência desta medida “há um conjunto de cuidados que os enfermeiros não vão poder assegurar”.

“As implicações não vão ser a diminuição de gastos, porque as pessoas vão recorrer a outros serviços, para poder ter os cuidados de que precisam, como as urgências ou o internamento”, afirmou.

Maria Augusta de Sousa sublinha que os cuidados de proximidade existem precisamente para evitar ter que recorrer a outros cuidados, pelo que considera que estas medidas são “contraditórias” com o que deveria ser a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“O anúncio do Ministério da Saúde é para isso [sustentabilidade do SNS], mas estão em marcha medidas que o contrariam. Não se percebe, é uma coisa sem sentido e sem racionalização”, criticou a bastonária.

Este assunto será discutido numa reunião marcada para a próxima sexta-feira com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa.

Relativamente ao encontro de hoje entre a Ordem e o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, a bastonária afirma que a tutela “continua sem conseguir detalhar com precisão o alcance exato das medidas de contenção orçamental previstas para o sector”, uma das principais questões que os enfermeiros queriam ver respondidas.

“A Ordem dos Enfermeiros constatou que o Ministério da Saúde se escuda na ausência do conhecimento da situação orçamental atual para não precisar o impacto dos cortes anunciados”, afirma a bastonária.

Sobre a racionalização da oferta hospitalar, a tutela reafirmou a intenção de avançar em Lisboa e Coimbra, mas não detalhou os contornos exatos da medida.

“A este respeito, a OE voltou a manifestar a sua estupefação por não existir nenhum enfermeiro no Grupo de Técnico para a Reforma Hospitalar, pese embora a indignação manifestada pela OE na altura da nomeação deste grupo”.

Relativamente à arquitetura e composição dos órgãos de gestão das unidades de saúde, a OE afirma que o Governo ainda não estudou o assunto, pelo que as próximas nomeações dos órgãos de gestão dos hospitais e agrupamentos de centros de saúde continuarão a obedecer ao padrão atual.

21 de setembro de 2011

Fonte: Lusa