16 de julho de 2013 - 15h57
A Ordem dos Enfermeiros manifestou hoje apoio à proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde dos Açores (SRS) apresentada pelo governo da região, embora a considere um “primeiro passo” que precisa ainda de ser melhorado.
“Poderemos afirmar que a atual proposta de restruturação do SRS se constitui como um primeiro passo, necessitando ainda de maior aprofundamento”, afirmou o presidente da secção regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, acrescentando: "Perante o presente documento temos de manifestar publicamente o nosso apoio, visando a sua melhoria e implementação com vista à prossecução da sustentabilidade do SRS".
Tiago Lopes manifestou apoio à criação de um “call center da saúde” no arquipélago e de “uma efetiva rede de emergência pré-hospitalar”, com recurso a ambulâncias SIV (suporte imediato de vida).
Outro aspeto que considerou positivo foi a criação do Centro Hospitalar dos Açores, por poder “melhorar a capacidade de resposta” do SRS “através de uma gestão integrada com vista à eliminação e redundâncias e à procura de complementaridades”. A este propósito, defendeu uma redução do número de membros dos conselhos de administração dos três hospitais da região.
Quanto aos aspetos a melhorar, referiu questões ligadas à gestão e a definição de um Plano Regional de Saúde.
Para a Ordem dos Enfermeiros, é “fundamental a revisão do papel e das atribuições da Saudaçor e da Administração Central do Sistema de Saúde”, devendo a primeira alargar o seu âmbito de atuação e, por exemplo, “coordenar, monitorizar e controlar as atividades da Secretaria Regional da Saúde, coordenar e centralizar a produção de informação e estatísticas dos prestadores de cuidados de saúde, assegurar e coordenar a elaboração do orçamento do SRS e acompanhar a respetiva execução”.
“Qualquer mudança no SRS tem de ter quem a consiga operacionalizar, o que passa pelos órgãos de gestão […]. Qualquer reestruturação do SRS tem de, inevitavelmente, ter as pessoas certas nos lugares certos”, acrescentou.
Em relação ao Plano Regional de Saúde, considerou ser “premente a elaboração de um perfil de saúde da Região Autónoma dos Açores” com vista à elaboração do referido plano “no qual se estabeleça a Saúde Comunitária como o eixo transversal”.
“Tem de haver efetivamente uma definição de um Plano Regional de Saúde adequado à comunidade açoriana e que responda realmente às necessidades em saúde da comunidade”, sublinhou, dizendo que se desconhecem os resultados da maioria dos programas do plano anterior, relativo ao último triénio, com a exceção da saúde infantil e da via verde coronária.
“A sustentabilidade do SRS deverá ser baseada na inovação e no desenvolvimento e não na restrição de direitos. E, quando falamos em direitos, não nos referimos a ‘direito umbilical’ de ter um hospital ou um centro de saúde à porta de casa. Esta visão redutora levou a uma proliferação errática e economicamente injustificada de equipamentos e serviços. A acessibilidade aos cuidados de saúde não pode continuar a ser encarada como: ter mais significa melhor”, afirmou.
Por outro lado, considerou que a rede de cuidados paliativos na região, que deverá ser criada no âmbito desta reestruturação, deverá ser coordenada por estes profissionais, que têm formação diferenciada nesta área.
Em resposta a perguntas dos jornalistas, Tiago Lopes disse rever-se nas mudanças ao documento já anunciadas pelo Governo dos Açores.
Lusa