17 de setembro de 2013 - 12h14
A Ordem dos Médicos denunciou hoje “mais um caso” de substituição de prescrições de medicamentos nas farmácias e apelou para a alteração das regras para a fixação do preço dos genéricos para evitar diferenças.
Num anúncio publicado hoje no Correio da Manhã, a Ordem dos Médicos (OM) adianta que um médico prescreveu a um doente no dia 18 de julho dois medicamentos: o Atorvastatina (do Laboratório Azevedos) e Perindopril + Indapamida 4 (do laboratório Ciclum), que custam 4,54 euros e 5,70 euros, respetivamente.
De acordo com a OM, a receita foi bloqueada pelo médico com a exceção c) em ambos os medicamentos, a justificação legal para permitir ao doente manter as mesmas marcas em medicação crónica, evitando confusões, e para ter direito à medicação mais barata.
Contudo, a farmácia “alterou para marcas mais caras”, cujos preços variavam entre os 4,54 e 11,45 euros no caso do atorvastina e entre os 5,70 e os 12,55 euros quanto ao Perindopril + Indapamida.
“A diferença dos medicamentos mais caros dispensados pela farmácia constitui um encargo adicional para o doente de cerca de mais 14 euros/mês. Para os doentes que tomam mais de dois medicamentos por mês o prejuízo é muito superior”, refere a OM no comunicado.
Por isso, a OM apela “à alteração das regras para a fixação do preço dos genéricos, evitando diferenças brutais de preços, e à correção da legislação que permite às farmácias enganar os doentes, dispensando medicamentos mais caros do que os prescritos pelo médico”.
A OM adianta ainda que este caso, um exemplo de milhares de ocorrências diárias que chegam à Ordem, já foi comunicado ao infarmed.
Na semana passada o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, apelou aos médicos para denunciarem todos os casos onde a atividade médica ou a relação médico/doente seja alvo de perturbações.
Nessa altura o bastonário fez saber que iria tornar públicos casos de substituições de prescrições de medicamentos nas farmácias.
"Como não é fácil fazer passar a nossa mensagem, iremos publicá-la na comunicação social em forma de anúncio, de forma completa e percetível", avançou.
José Manuel Silva sublinha que é fulcral os médicos notificarem a Ordem com situações concretas abusivas das farmácias, já que não se pode aceitar que as prescrições possam ser alteradas.
"Nós não procuramos o negócio quando fazemos uma prescrição. Está nas nossas mãos defender a dignidade da profissão, da prescrição médica e o direito dos doentes à melhor medicação, mais barata e manutenção das mesmas marcas prescritas", defendeu.
O bastonário lembrou que em alguns casos os doentes acabam numa urgência médica por sobredosagem, porque tomam duas ou três marcas com o mesmo princípio ativo.

Lusa