24 de abril de 2014 - 14h05
A Ordem dos Enfermeiros (OE) considera que os enfermeiros das urgências do hospital das Caldas da Rainha são suficientes e defende num relatório que o funcionamento “caótico” do serviço se deve à falta de respostas sociais.
De acordo com a OE, o serviço de urgência do Hospital das Caldas da Rainha tem “uma dotação adequada de enfermeiros”, contando com um total de 48 profissionais (incluindo o enfermeiro-chefe), mais dois do que os exigidos pelo Ministério da Saúde para atingir a “dotação segura”.
A conclusão consta de um relatório, a que a Lusa teve acesso, enviado à administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche.
Na sequência da visita efetuada a 28 de março, a OE denunciou o funcionamento “caótico” do serviço e constatou existirem entre 30 a 50 macas “quase em permanência nos corredores” do serviço, onde a média de internamento é de 4,3 dias, quando não deveria ultrapassar as 48 horas.
A situação foi corroborada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que tem contestado a não renovação de contratos com enfermeiros e tem agendada para 01 de maio uma vigília, caso não sejam contratado mais profissionais e aumentada a capacidade de internamento.
No relatório, a OE clarifica que o problema da urgência “não se coloca na dotação [de enfermeiros], mas sim “no excessivo número de doentes que permanece em maca, internados no serviço de urgência, sem encaminhamento apropriado”, comprometendo a prestação de cuidados e a segurança de utentes e profissionais.
A ordem considera que a solução para o problema está “fora do alcance do conselho de administração do CHO, por resultar de fatores complexos e relacionados com a falta de respostas ou respostas inadequadas na comunidade”.
Num comunicado enviado hoje às redações, o CHO considera que as conclusões do relatório “certificam como verdadeiras” as justificações dadas pela administração, que já admitiu a “constante sobrelotação” da urgência. No serviços, acrescenta, regista-se um aumento de “utentes idosos e muitas vezes socialmente desfavorecidos, que ocupam camas sem serem necessariamente doentes urgentes”.

Apesar de o número de enfermeiros ser o adequado e de a urgência “ter boas condições físicas, estruturais e organizacionais”, a OE alerta para o facto de a sobrelotação originar “stress permanente” nos profissionais, que acusam “forte desgaste físico, gerador de fadiga, exaustão e desmotivação generalizada”.
No relatório, a OE faz ainda um conjunto de recomendações com vista à melhoria das condições de trabalho dos enfermeiros.
O CHO considera o relatório da ordem “um instrumento muito útil” para a melhoria das condições da urgência, onde, recorda, estão “já em fase de execução” algumas medidas, nomeadamente o aumento de dez camas de internamento no hospital de Peniche, a requalificação de uma área com mais cinco camas nas unidades das Caldas da Rainha e a reorganização de um processo de gestão de altas com a transferência de doentes da urgência para outros serviços onde existam vagas.
O CHO tem atualmente 33 camas de internamento no serviço de medicina das Caldas da Rainha, 60 no Hospital de Torres Vedras e 20 no Hospital de Peniche.
Além das populações daqueles concelhos, abrange as de Óbidos, Bombarral, Cadaval, Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra, servindo mais de 292.500 pessoas.
Lusa