A intervenção da ‘troika' e a crise económica obrigaram "os governos a darem uma resposta com menos financiamento e a pensar apenas na produção de números", constatou Miguel Guimarães, considerando que com o atual executivo socialista "ainda é assim".

"[O ministro da Saúde] tem sempre que mostrar que há mais números. Essa pressão vai para as administrações hospitalares", notou, considerando que, por consequência, a pressão por números passa dos conselhos para os serviços e dos serviços para os médicos, a quem é exigido "mais em menos tempo".

Esta pressão causa "imensa perturbação na capacidade de resposta, na relação médico-doente e aumenta o conflito entre profissionais e entre profissionais e doentes", sublinhou o bastonário da Ordem dos Médicos, que falava durante o 2.º Encontro da Agência para a Prevenção do Trauma e da Violação dos Direitos Humanos, que decorre em Coimbra.

O número de casos de violência sobre profissionais de saúde tem aumentado, referiu, constatando que são os enfermeiros (309 casos) e as mulheres que são mais alvo de agressões.

Em 2015, disse, houve 426 casos com profissionais do sexo feminino e 156 do sexo masculino.

Segundo Miguel Guimarães, neste momento, o número de médicos que sofre de ‘burnout' "é muito preocupante", considerando que os fatores que levam à exaustão emocional "não estão resolvidos" e será preciso "melhorar muita coisa" para combater esses problemas.

Quantas vezes devo ir ao médico?