Trata-se de um dia alegre, apesar de inserido num contexto de receios. As boas-vindas a estes jovens profissionais, que integram um total bem mais elevado a nível nacional, mais de três mil, acontece num momento em que se fala em altas taxas de desemprego e fuga para o exterior à procura de melhores condições.

É certo que se constata a falta de enfermeiros no sistema de saúde português, que na sua tripla vertente pública, privada e social, tem capacidade para absorver todos os recém-licenciados. Contudo, a emigração é para muitos uma escolha obrigatória porque sabem que será difícil exercer no nosso país a profissão que decidiram abraçar. Mas há que ser persistente! O Serviço Nacional de Saúde pode e deve absorver todos estes recém-formados!

É igualmente reconhecido por todos os intervenientes e entidades nacionais e estrangeiras que os enfermeiros portugueses têm uma formação académica de excelência, e isso reflete-se, por exemplo, no interesse que o Reino Unido tem tido pelos nossos profissionais. Contudo, os constrangimentos económicos e financeiros vividos em Portugal de alguns anos a esta parte, não permitem o recrutamento desejado e necessário. As consequências são dramáticas. É grande o número de enfermeiros desempregados e a emigração continua forte e contínua, não só de recém-formados mas muitos saem com largos anos de experiência. Só no ano passado deixaram o país mais de dois mil enfermeiros!

Preocupa-me o presente e o futuro. Preocupa-me a situação económico-financeira do meu país. Preocupam-me os números apresentados para os cuidados de saúde. Preocupa-me o reconhecimento da profissão de enfermagem. Preocupa-me o estado social das pessoas. Preocupa-me o futuro do cidadão, ser humano utilizador e necessitado de cuidados de saúde.

Ao enfermeiro é-lhe exigido diariamente uma entrega total que nem sempre é reconhecida, mas não é isso que nos vai deixar de dar o alento para continuar! O SNS precisa dos enfermeiros. Mais cuidadores e melhores condições de trabalho conseguem reduzir as taxas de infeção, evitar mortes, reduzir o número de internamentos e diminuir taxas de quedas e feridas nos hospitais. Os jovens enfermeiros são por isso muito bem vindos à profissão.

Por Jorge Cadete, Enfermeiro e Presidente do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros