“Até pelo contrário, penso que os institutos de oncologia são instituições muito boas e os hospitais universitários que tratam cancro tratam-no muito bem. O cancro em Portugal não é um problema, é pior a diabetes e a hipertensão”, afirmou Sobrinho Simões.

O investigador falava a propósito da divulgação de um inquérito que revela as preocupações dos profissionais de oncologia em relação à qualidade do tratamento contra o cancro, que varia consoante o hospital onde é administrado e que Portugal não está preparado para o aumento desta doença.

O inquérito sobre perceções e preocupações de profissionais ligados à oncologia foi desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e foi apresentado durante os Encontros da Primavera de Oncologia, que se realizam em Évora.

De acordo com os resultados, 83 por cento dos inquiridos discorda da afirmação de que, “em Portugal, é dado aos doentes que vivem com cancro o melhor tratamento médico independentemente do hospital em que são tratados”.

A maioria dos médicos sondados considera que “em Portugal existem demasiadas assimetrias regionais no que diz respeito à prevenção e tratamento do cancro”.

Para Sobrinho Simões, esta é “provavelmente uma das áreas em Portugal em que temos uma comparação muitíssimo razoável com os países europeus de dimensão semelhante à nossa”.

“O que eu sei é que há realmente uma situação de perceção do problema que é maior por parte das pessoas que têm cancro, porque continuam a considerar que é uma doença incurável, que atrasar uma semana prejudica imenso a sobrevida, o que não é verdade. É verdade que há problemas, é verdade que temos ainda hoje um problema de acesso, não temos um equilíbrio de acesso em todo o país, mas apesar de tudo a solução é continuar a valorizar o Serviço Nacional de Saúde”, referiu.

Sobrinho Simões frisou que “é um bocado exagerado pegar no cancro para dizer que há um problema, quando no cancro estamos muitíssimo razoáveis em termos internacionais. Acho que é mais a perceção e um bocado a exploração do medo das pessoas porque acham que é uma doença incurável e não é. É preciso é apostar no diagnóstico precoce”.