19 de setembro de 2014 - 12h40
Oncologistas reunidos hoje num encontro sobre Sarcomas, no IPO do Porto, defenderam a necessidade de concentrar o tratamento dos sarcomas de tecidos moles e outros tumores raros em centros de referência para garantir a melhoria dos resultados terapêuticos.
Os especialistas defendem que o tratamento deste tipo de tumores é muito complexo e deve ser efetuado por equipas multidisciplinares especializadas, em hospitais que disponham dos recursos e da experiência necessários para a abordagem correta deste tipo de tumores. 
O diagnóstico preciso e o primeiro tratamento são determinantes para o prognóstico da doença e a taxa global de sobrevivência não ultrapassa os 50% aos cinco anos.
“Por ser tão raro, há hospitais que apenas tratam um caso destes por ano, não tendo a experiência necessária para prestar o melhor tratamento. Consideramos que só as instituições de saúde que estão preparadas para o diagnóstico e tratamento adequados aos sarcomas devem receber pacientes portadores destes tumores. Unidades hospitalares como o IPO-Porto, com experiência com utentes nesta situação deveriam ser as únicas instituições responsáveis pelo tratamento da doença”, sustentou Augusto Moreira, especialista do Serviço de Oncologia Cirúrgica do IPO-Porto e promotor do curso.

Tratamento especializado reduziria mortalidade
O especialista reforçou a ideia de que “estes tumores são em cerca de 50% dos casos fatais e um tratamento multidisciplinar especializado poderá resultar numa diminuição desta taxa”.
Em declarações à Lusa, Augusto Moreira referiu que as últimas estatísticas oficiais disponíveis, de 2008, revelam que “no norte do país só existiram 182 casos durante esse ano” com esta patologia.
“Se num ano surgem 182 sarcomas no norte do país, se esses casos se espalharem por dez hospitais, quer dizer que cada hospital tratará 18 durante, o que é claramente insuficiente”, sublinhou.

Segundo o oncologista, as recomendações internacionais defendem que “os centros que tratam sarcomas de partes moles, devem tratar pelo menos 100 por ano e pelo menos 50 sarcomas de ossos. Se nós tivermos no norte do país 182, quer dizer que se houvesse só um centro estaria bem, se existirem dois já é dividir demasiado a experiência”.
“A nossa pretensão não é substituir-nos aos decisores políticos e a quem gere estas coisas, é tão só chamar a atenção para os factos. O ideal seria direcioná-los para um centro que tivesse experiência, que tratasse muitos casos destes e que, quer do ponto de vista de diagnóstico, quer de tratamento conseguisse obter melhores resultados”, frisou, referindo também uma “maior racionalidade de custos”.
Os sarcomas podem surgir em qualquer local do corpo humano, sendo mais frequentes nos membros e abdómen, têm origem muitas vezes desconhecida e manifestam-se de forma pouco específica, muitas vezes pouco valorizada, levando a diagnósticos tardios.
O tratamento é obrigatoriamente multidisciplinar com recurso a armas como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, podendo haver situações com necessidade do uso de todas elas e outras em que só se usa uma ou mais do que uma, numa sequência que varia em função do caso concreto.
Por Lusa