Em comunicado, o Grupo de Especialistas para Aconselhamento Estratégico sobre imunização (SAGE, na sigla em inglês), da OMS, informa que reconhece a eficácia da nova vacina, Dengvaxia, produzida pela farmacêutica francesa Sanofi Pasteur e que já está licenciada em diversos países da Ásia e América Latina onde o dengue é endémico.

Em conferência de imprensa esta sexta-feira, o presidente do SAGE, John Abramson, confirmou que o grupo recomenda o uso da vacina nos países onde o vírus é endémico e nas zonas onde haja uma incidência superior a 50%.

Comprovou-se que, nos "lugares onde há uma incidência menor de 30%, a eficácia da vacina é muito menor e tem inclusive efeitos adversos", explicou Abramson.

Os especialistas recomendam também que a vacina não seja dada a crianças com menos de nove anos, porque quando é administrada em crianças pequenas aumenta significativamente o risco de hospitalização ao fim de três anos da primeira dose.

Dado que a maior incidência ocorre entre os adolescentes, o grupo decidiu estabelecer a pré-adolescência (entre os nove e os 11 anos) como a faixa etária mais adequada para a vacinação.

"As nossas recomendações têm em conta a precaução e o valor do custo-benefício. Se temos suspeitas de que a vacina possa ter efeitos adversos em crianças pequenas, recomendamos a partir dos nove. Se queremos que tenha um grande impacto, dizemos que se inocule onde há mais incidência, são decisões lógicas", explicou por seu lado Joachim Hombach, um dos membros do grupo.

Hombach acrescentou que a maioria dos países sabe quais as zonas de maior incidência do vírus, mas que a OMS está disposta e preparada para ajudá-los se assim o solicitarem.

A vacina é eficaz contra os quatro serotipos do vírus do dengue, mas é mais eficaz nos serotipos 3 e 4, e em geral tem uma eficácia de 60%, que aumenta consideravelmente se o paciente tiver sido exposto anteriormente ao vírus.

A posição da OMS é apenas uma recomendação e a decisão final cabe aos países sobre se vacina toda a população ou apenas em zonas de alta incidência, assim como as idades de inoculação.

O SAGE sublinha ainda que a introdução da vacina do dengue deve fazer parte de uma estratégia mais abrangente de controlo da doença, incluindo um plano de comunicação, o controlo sustentado do vetor, cuidados de saúde para todos os doentes com dengue e uma vigilância robusta da infeção.

O vírus do dengue é endémico em 100 países, incluindo quase toda a América Latina e sudeste asiático, está presente em todas as regiões do mundo e é uma doença em expansão.

Segundo o comunicado do SAGE, o dengue é a mais amplamente distribuída doença viral transmitida por mosquitos e a sua incidência multiplicou-se por 30 nos últimos 60 anos, com uma grande expansão geográfica e de zonas urbanas para rurais.

Os objetivos da Estratégia Global da OMS para a prevenção e o controlo do dengue (2012-2020) são a redução da mortalidade e da morbilidade pelo dengue até 2020 em pelo menos 50% e 25% respetivamente.

Transmitido pela picada do mosquito Aedes Aegypti, a doença provoca dores musculares e pode desencadear uma febre hemorrágica mortal.

Entre 50 e 100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente, das quais 500 mil sofrem a versão hemorrágica e 22 mil acabam por morrer.