"As necessidades em termos de prevenção e de tratamento são enormes, mas as pessoas afectadas são pobres e, em consequência, têm pouco acesso às intervenções e aos serviços necessários", afirmou a directora-geral da OMS, Margaret Chan.

A directora apresentou esta quinta-feira o primeiro relatório da organização sobre 17 enfermidades que praticamente não existem nos países ricos.

"A indústria se interessa pouco por investir no desenvolvimento de produtos novos ou melhores contra as doenças vinculadas à pobreza, porque quem sofrem com elas têm pouco poder aquisitivo", completou.

O relatório da OMS destaca ainda que as enfermidades são deixadas de lado porque, com excepção da dengue, não provocam grandes epidemias capazes de chamar a atenção dos meios de comunicação.

No entanto, provocam infecções que às vezes matam no espaço de meses, semanas ou dias, como a dengue hemorrágica, a doença do sono e a úlcera de Buruli.

Na maioria dos casos, as pessoas são afectadas simultaneamente por cinco a sete doenças parasitárias, transmitidas por insectos, larvas ou moluscos, tais como a raiva, o tracoma, a lepra, a leishmaniose ou a elefantíase.

A OMS espera controlar as doenças até 2015 e até mesmo que algumas sejam eliminadas.

O verme da Guiné (dracunculíase) deve ser a primeira das enfermidades erradicadas, segundo a directora da OMS. Para isto, sistemas de recompensa podem ser criados para estimular as pessoas infectadas a declarar a doença.

De maneira geral, a OMS insiste na necessidade de favorecer o diagnóstico e tratamento precoces, que considera vitais, em particular para a doença de Chagas, e defende a preparação de ferramentas e enfoques simples, seguros, eficazes e baratos, incluindo os produtos pesticidas, e que estes sejam acessíveis.

2010-10-14