Todas as anomalias relacionadas com o vírus, em especial a microcefalia, são conhecidas pelo nome Síndrome Congénita do Vírus Zika, afirmou Nathalie Broutet, coordenadora da agenda de investigação sobre o Zika. A definição completa da síndrome ainda está em processo, acrescentou.

Boris Pavlin, responsável na OMS sobre o tema, diz que é necessário um orçamento de 112,5 milhões de dólares (cerca de 103 milhões de euros) para lutar contra o vírus.

Segundo a OMS, os recém-nascidos afetados no útero pelo vírus podem apresentar anomalias particulares, como malformações da cabeça, irritabilidade, problemas para engolir, contração dos membros, convulsões, problemas de visão ou de audição e anomalias cerebrais profundas.

O vírus Zika também pode provocar abortos ou resultar no nascimento de natimortos. A OMS indica que algumas destas anomalias não podem ser detetadas no útero e só aparecem depois do nascimento, como convulsões ou problemas auditivos.

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Desde 2015, 23 países anunciaram ter registado casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré - doença neurológica grave em adultos que pode provocar paralisia temporária - potencialmente relacionados com o Zika.

O Brasil é o país que registou mais casos de microcefalia relacionados com Zika, com 2.033 bebés afetados, seguido da Colômbia, com 46 casos.

Segundo um estudo publicado em junho na revista médica britânica The Lancet, o diagnóstico da infeção pelo vírus Zika não deveria basear-se exclusivamente na deteção da microcefalia nos recém-nascidos, mas ter em conta outras anomalias cerebrais. A microcefalia pode ser detetada durante a gravidez. Segundo a legislação de alguns países, o diagnóstico pode autorizar aborto terapêutico. Este não é, por exemplo, o caso do Brasil.

Duas vacinas experimentais contra o Zika estão a ser neste momento avaliadas, segundo a OMS, e os resultados da fase 1 dos testes clínicos estão sob escrutínio interno. Segundo o último balanço da OMS, 73 países foram afetados pelo vírus desde 2015, a maioria deles na América Latina e Caribe.

O vírus Zika, considerado pela OMS uma emergência de saúde pública mundial, é transmitido principalmente pela picada de mosquitos do género Aedes (aegypti e albopictus), embora o contágio também possa ocorrer por contacto sexual.