5 de maio de 2014 - 14h22

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou hoje uma emergência sanitária mundial devido ao aumento dos contágios de poliomielite nos últimos seis meses, depois de detetar casos em mais de uma dezena de países.

A decisão foi tomada após várias reuniões no seio do Comité de Emergência da OMS, formado por especialistas na matéria, que recomendaram a declaração do estado de emergência porque estes contágios podem representar uma ameaça para o resto do mundo, afirmou Bruce Aylward, diretor geral adjunto da OMS.

Em comunicado, a Organização Mundial de Saúde especifica que o Comité alertou que a propagação internacional da poliomielite até agora em 2014 “constitui um ‘evento extraordinário’ e um risco público de saúde para outros Estados, para o qual é essencial uma resposta internacional coordenada”.

“A situação atual é um forte contraste em relação ao estado de quase-cessação da propagação do poliovírus selvagem desde janeiro de 2012 até à época de baixa transmissão (de janeiro a abril) de 2013. Se nada for feito, esta situação pode resultar na impossibilidade de erradicar globalmente uma das doenças mais graves e evitáveis por vacina”, refere o comunicado do Comité, que revela ter considerado estarem reunidas as condições para decretar uma emergência de saúde pública.

No final de 2013, 60 por cento dos casos de pólio tinham origem na propagação internacional do poliovírus selvagem, e existiam provas de que os viajantes adultos contribuem para esta propagação, segundo a OMS.

Já este ano, mesmo durante a época de baixa transmissão, houve contaminação internacional de três dos dez países onde existem atualmente infeções: na Ásia central (do Paquistão ao Afeganistão), no Médio Oriente (da Síria ao Iraque) e na África central (dos Camarões para a Guiné Equatorial).

“Uma resposta internacional coordenada é considerada essencial para travar esta propagação e para prevenir nova contaminação, tendo em vista o período de elevada transmissão, em maio e junho. Medidas unilaterais podem ser menos eficazes”, sustenta o Comité de Emergência da OMS.

As consequências de mais propagação internacional são particularmente graves atualmente, tendo em conta o elevado número de países livres de pólio, mas alvos de conflitos e frágeis, onde os serviços de imunização foram “severamente comprometidos” e, por isso, “correm o risco de uma reinfeção”, refere.

Segundo a OMS, a prioridade máxima dos países infetados dever ser a de interromper a transmissão desta doença no interior das fronteiras “o mais rapidamente possível” através da “imediata e total aplicação das estratégias de erradicação, entre as quais campanhas de imunização suplementar com vacina oral, vigilância do poliovírus e imunização de rotina”.

Os países que a organização considera representarem o maior risco para a transmissão internacional são o Paquistão, Camarões e Síria, aos quais a OMS recomenda que declarem o estado de emergência de saúde pública e garantam que a população e visitantes de mais de quatro semanas recebem vacinação antes de viagens internacionais, enquanto os visitantes devem, pelo menos, ser vacinados aquando da partida.

Quanto aos países infetados, mas que não estão atualmente a exportar a doença – Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria – declarem também o estado de emergência e recomendem a vacinação.

Os especialistas do Comité deverão voltar a avaliar a situação dentro de três meses.

A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral. Atinge em particular crianças com menos de cinco anos.

Por Lusa